Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Gratuitos


Gratuitos

Eu recebo tantos conselhos (não solicitados) desnecessários e de gente que se acha perfeita, que eu vou abandonar o barco da minha vida, pois são os outros que estão cuidando dele! E, “detalhe”, são pessoas que nunca erram, nunca cometem deslizes, nunca fazem nada criticável, ora são pessoas perfeitas!
O que eu faço na vida, acordando, ouvindo grosseiras e sorrindo? Deveria estar dormindo, enquanto os demais me criticam e buscam soluções para o que eles chamam de “problemas” da minha existência, sendo que eu sei que "os deles" podem ser bem piores que os meus, no entanto, silencio e nada falo, afinal, a vida é deles, não minha.
 Então eu devo silenciar e ignorar-lhes? Bem, por algum motivo é isso que venho fazendo, porém sempre pedindo: “Senhor dai-me paciência!”, afinal, com um pouco mais de força a agressão física pode ser fatal.
Sempre existirão pessoas que sabem mais do que você, mas, infelizmente existirão muitas que acham ou quase têm certeza de que sabem mais do que você, mais do que o mundo, mais do que o "todo" pouco que, realmente, conhecem.
São essas pessoas que intervêm em sua vida sem serem chamadas, que opinam quando ninguém requisita sua opinião, que dão conselhos não solicitados e que, em ultima instancia, lhe invejam por você ser o que elas não podem, nem nunca serão, por mais dinheiro ou elogios que acumulem.
Ouça a sua consciência, ouça quem você ama e ignore todos os demais. É fácil para as pessoas lhe darem conselhos baratos, enquanto são estúpidas em suas próprias vidas. Fique com o exemplo, não com as palavras e vire as costas a estas pessoas toscas que insistem em cuidar da sua vida da forma mais abjeta: criticando-lhe.

Passo Fundo, 27 de julho de 2012.

Cláudia de Marchi

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Senhor Juiz


Senhor Juiz

Eu sou advogada, não sou uma "concurseira" frustrada. O único concurso que fiz na vida foi sem estudar, de "brincadeira", em 2010, para a DPE (Defensoria Pública). Época em que eu trabalhava das 8h às 20h ajudando meu ex-marido na loja dele e, paralelamente, advogando.
 Assim como eu nunca quis ser promotora, procuradora federal, juíza estadual ou federal, muitos colegas também não o são porque não querem! Por que gostam de advogar, porque apesar de não termos um valor fixo e alto em nossas contas todos os meses amamos o que fazemos!
Logo, Senhor Juiz, não pense que porque você "gestiona" uma audiência e decide um processo em primeira instância tem o direito de ser estúpido e grosseiro com os nossos clientes ou conosco.
Nós não somos inferiores a você e sem o nosso trabalho, sem a criação de teses que "saem" de nossos intelectos para buscar a defesa dos interesses de nossos clientes, a sua função seria inócua.
Você se acha superior aos advogados e demais indivíduos porque o Governo (Estadual ou Federal) deposita todo mês o seu salário? Você "se acha" porque é funcionário de autoridade pública e todos lhe chamam de "doutor"?
Então, meu caro, antes de achar que ter decorado leis e dissecado livros para conseguir ser investido em cargo público lhe tornou alguém melhor, saiba que sabedoria é o que faz uma alma brilhar em detrimento de outras. E somente é sábio quem é humilde. Somente pode ser chamado de “gente” quem sabe tratar os outros como tal, ou seja, com urbanidade e respeito.
Então engula sua empáfia, desconte seu mau humor num saco de pancadas, procure um psicanalista, vá num psiquiatra, peça alguma espécie de calmante e aprenda a tratar as pessoas com dignidade e respeito, porque, sinto informar, você não é Deus e esta bem longe de ser alguém valoroso na medida em que demonstra a sua arrogância e petulância que mal cabem dentro do seu terninho de boa marca.

Passo Fundo, 24 de julho de 2012.

Cláudia de Marchi

terça-feira, 24 de julho de 2012

Lembranças


Lembranças

Não é porque você viveu momentos bons com alguém, não é pelo fato de você cultivar boas lembranças, por ter sido demasiado feliz outrora, que você queira repetir tais momentos com a mesma pessoa.
O ser humano cultiva, com freqüência, certa melancolia, alguma saudade, o que nem sempre condiz com a vontade de voltar atrás. Sentir saudades não faz do homem um caranguejo (aquele bichinho que anda para trás!).
Todos se recordam dos momentos de felicidade e alegria que tiveram, ainda que, quando os tivesse vivenciando, não valorizassem seus sentimentos e sensações como elas mereciam ser estimadas.
A vida passa, o presente se torna passado, e bate aquela “saudadinha”: é no futuro que encontramos no presente, que já será passado, as alegrias que não víamos quando estávamos vivendo nele.
Vivemos, convivemos, nos apaixonamos, entregamos nossa confiança e nosso coração para alguém, ficamos anos com certa companhia. O fato de nos lembrarmos de episódios que envolva a presença de determinada pessoa não significa que nós ainda a amemos.
Ela esta, é claro, guardada numa gavetinha da nossa alma. Naquela em que colocamos quem nos foi querido, quem nos amou e quem nos despertou fortes emoções. Falar de alguém, ter boas lembranças do passado com ele vivido não significa que queiramos voltar ao ontem, mas que tivemos momentos felizes e os valorizamos o suficiente para não esquecê-los.

Passo Fundo, 24 de julho de 2012.

Cláudia de Marchi

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Conselhos II


Conselhos II
Por que as pessoas acham tão simples e se acham tão sábias apontando “solução” para os seus problemas? Por que, afinal, você recebe conselhos sem que lhes peça?
Conviver em sociedade aliado ao salutar hábito de dialogar, dividir experiências e formas de pensar faz com que, não raras vezes, as pessoas se dêem ao direito de se meter onde não são chamadas.
Assim: você reclama, fala dos seus problemas, medos, receios, enfim, você desabafa, é um instinto natural de quem lhe cerca pensar que você precisa de uma “solução”, de um caminho, então, o que as pessoas fazem, na melhor das intenções? Sugerem-lhe idéias e caminhos que elas acham que serão bons!
As pessoas nem sempre se metem na sua vida com más intenções, na maior parte das vezes elas querem ser “eficazes” no auxilio, e esquecem-se de perguntar a si mesmas se você esta apenas desabafando ou se você pediu: “O que vocês acham que eu devo fazer?”.
Quando você faz tal questionamento, deve, obviamente, ser educado ao ouvir qualquer espécie de resposta. Nem todas serão uteis, nem todas serão válidas ou corresponderão a realidade de seus sentimentos e pensamentos, mas se você perguntou, saiba escutar!
Outro fator interessante é o fato de que os seres humanos sabem ser juízes com maior facilidade do que aturam ser “réus”, ou seja, gostam e conseguem analisar de longe os “casos” da vida alheia com mais sabedoria do que se julgados forem ou se precisarem analisar a própria vida.
Não por menos vivemos em sociedade. É por isso que existem nossos pais, irmãos, amigos, psicólogos, psicanalistas e psiquiatras. Nem sempre a gente pede ajuda, nem sempre a gente quer ouvir conselhos, mas, quando queremos, é sempre bom ter quem nos ouça e, de preferência, compreenda, antes de criticar.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 23 de julho de 2012.

Felicidade virtual II


Felicidade virtual II

Eu acho interessante o papel das redes sociais no desenvolvimento ou estagnação da mente humana, no quesito “autoafirmação”. Têm gente que usa o Facebook para exaltar a sua felicidade, agradecerem a Deus a magnitude de sua vida, a perfeição de seus dias, etc.
Não tenho nada contra, mas chamo essa postura de “exibicionista”, porque as pessoas querem mostrar as outras quão realizadas, contentes e felizes são. Quase ninguém se frustra e divulga no mundo virtual, quando isso acontece, pasmo pela franqueza do individuo!
Logo, você não precisa mais de mesa de bar para se gabar, basta acessar a internet, (que, como o papel, aceita tudo), e inserir detalhes sobre a sua vida perfeita e “tcharam”: acreditar no que você diz, ou seja, que a sua vida é maravilhosa e você é um abençoado por todas as divindades!
Você fez um café da manha caprichado para o seu amado, mãe ou filha, faz aquela jantinha especial e posta no Facebook! Que graça tem cozinhar, fazer um prato bonito, abrir um vinho caro e não divulgar para os seus “amigos”?
Parece-me que a metade das alegrias das pessoas se realiza no mundo real e a outra metade na divulgação desta felicidade para os outros verem virtualmente. É uma competição entre pessoas se autoafirmando e egos empolgados pela possibilidade de se exibirem para quem desejarem.
Admira-me, também, ver que, no mundo paralelo (o virtual), quase ninguém tem medo da inveja alheia! Eita gente de coragem! Eu ainda conservo este “medinho”, embora eu tenha fé, porém não “divulgada”!

Passo Fundo, 23 de julho de 2012.

Cláudia de Marchi

sábado, 21 de julho de 2012

Fugitivos de si mesmos


Fugitivos de si mesmos

As pessoas gostam de fugir do que lhes causa ansiedade, do que lhes fere, do que lhes contraria. Fogem, fogem, fogem e acabam cometendo os mesmos erros de outrora, porque problema não solucionado é impossível de ser derrotado: ele acaba voltando e se manifestando, ainda que com nova aparência.
Pode ser que doa, pode ser que você perca o sono e até o equilíbrio, mas enfrentar a si mesmo e descobrir os "porquês" por trás de suas escolhas e atitudes só irá lhe beneficiar.
Tem gente que se esconde atrás da roupagem de Peter Pan, algumas pessoas se negam a amadurecer, outras, por sua vez, escolhem viver na farra, na boêmia. Se é divertido sentar num bar e beber com os amigos? Claro, ninguém nega que dar risada em boa companhia é legal!
A questão problemática ocorre quando, ficar em casa, pensando na própria vida, nas atitudes que se teve e tem e encarando-se a si próprio se mostra doloroso. Ficar sozinho é incomodativo? Faz você querer “concitar” os amigos para uma janta e bebedeira? Faz você querer fugir do silencio da sua alma? Então, preocupe-se! Trata-se de descontentamento íntimo profundo e quase patológico!
Confraternizar, beber moderadamente, contar piadas e aproveitar um grupo leal de amigos não é errado, pelo contrário, o problema é quando isto se torna um subterfúgio, porque você não agüenta a si mesmo, porque você se sente descontente com a vida que tem e precisa fugir dos pensamentos negativos que cultiva sobre si mesmo.
O mesmo serve para quem, solitário, se droga, se embriaga ou se entorpece de outras formas para esquecer-se dos problemas. Depois de uma ressaca, meu caro, os problemas continuam, mas você ganha outros: dor de cabeça e mais inconvenientes.
Charlie Harper foi apenas um personagem cômico, ele não existe, não o encare como seu herói, não acredite que suas ações são certas, que é melhor se afogar num litro de whisky a entrar em contato com si mesmo, a encarar uma relação amorosa, a viver seriamente e de forma não banal e fútil.
Quem tenta fugir dos problemas que tem, seja em baladas, em grupos, em bebedeiras ou drogas mais pesadas, licitas ou não, demonstra fraqueza e pouca habilidade de lidar com a frustração. Mas, e daí? Nenhuma pessoa no mundo gosta de sentir-se frustrada e descontente, a questão é cair na real e buscar a forma mais inteligente e racional de encarar o que não lhe agrada, sem se tornar um fugitivo (autodestrutivo) de si mesmo.

Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 21 de julho de 2012.