Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

terça-feira, 31 de maio de 2011

Dr. House e o "quase".

Dr. House e o “quase”.


O personagem grandioso e polêmico que dá nome ao seriado do canal de TV a cabo Universal, Dr. Gregory House afirma que “quase morrer não muda nada, morrer muda tudo”, concordo, afinal os “quases” não implicam em modificação alguma em nossas vidas, eles se tornam apenas lições a serem aprendidas. Por quem quer, é claro.
Na vida afetiva da gente existem afirmativas pertinentes como: “quase amar não muda nada, amar muda tudo”. Ninguém se torna a mesma pessoa após ter amado e se entregado verdadeiramente a alguém e quem “quase” amou, não amou, quem “quase” se entregou, não se entregou.
Outra afirmativa que, apenas quem passou pela experiência, pode dizer é a seguinte: “casar não muda tudo, mas a separação muda” e não apenas o estado civil: a separação de um casal é a admissão publica e pessoal do fracasso de uma tentativa. E fracassar dói, a frustração machuca e arde até nos corações mais duros.
Você faz tudo para dar certo, doa seu tempo, sua dedicação, seu afeto, seus sonhos mais puros, sua carência – legado de sua frustração familiar, por exemplo-, sua paciência, sua alma e, de repente, por um motivo ou outro, mas nunca por uma razão vã, você se obriga a desistir.
Então recolhe seus planos frustrados, sua mágoa, suas lembranças boas e más, passa dias inertes onde uma força imensa lhe puxa para a cama e para uma crise de solidão, se afoga em toda espécie de drogas licitas, comete erros dos quais não pode se dar ao luxo de se arrepender para não ter que aumentar a dose dos remédios que lhe fazem dormir.
A graça de tudo é que você não “quase” amou, você amou e deu sua palavra, compartilhou sua vida e coração. Você sofre e “quase” morre de dor, mas não morre e o fato é que apenas “morrer muda tudo”, conforme a sabedoria impiedosa do House, logo, existindo vida, ainda há esperança e um coração que, um dia, vai se abrir para um novo amor, porque mesmo partido, ele não parou de bater. Quase parou, mas o “quase”, no final, não faz nenhuma diferença, será apenas mais uma experiência vivida.


Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 1º de junho de 2011.

Famílias, mentiras e hipocrisia.

Famílias, mentiras e hipocrisia.


Assim como não existem pessoas perfeitas, não existem famílias perfeitas, existem aquelas com maior tendência a hipocrisia e falsidade que tentam, por maior tempo e com maior qualidade, manter as “aparências” de “exemplares”. Apenas isso.
Não existe DNA isento de probabilidade de enfermidades, assim como não existem famílias sem histórico de problemas, uns mais graves que outros: traição, violência verbal, agressão física e psíquica, abandono, negligência, desrespeito as diferenças de idéias e opiniões, este último sendo o principal fator de distanciamento entre pais e filhos, por exemplo. Um não se adéqua ao ideal do outro. O problema, pois não é a pessoa em si, mas o “ideal” do pai ou do filho sonhador.
Por mais que amemos ou por mais que nossa tendência biológica nos de o instinto de amar quem nos deu a vida ou a quem damos a vida é a falta de aceitação de diferenças inerentes, de concepções de mundo, de respeito a sonhos e gênios que geram a discórdia e a frustração da maioria das pessoas com seus familiares próximos.
Não existem dicas, nem livros que instruam, nem manual sobre a “realização e mantença da união e alegria familiar”, até porque desde os tempos de Caim e Abel isso é algo surreal e inatingível. É a mentira destinada a “não magoar”, ou seja, a hipocrisia que sustentam boa parte das famílias (ou seriam todas?), e isso não é de todo ruim, às vezes é preciso mentir, calar e silenciar porque o resultado da palavra e da verdade pode ser letal aos sentimentos alheios.
É preciso respeitar, aceitar, se distanciar, ignorar, fazer de conta que não há distancia quando existe um abismo imenso entre idéias e concepções de vida. As pessoas aprendem a ser hipócritas dentro de casa, quando a tia- avó fofoqueira leva aquela ambrosia doce e odiosa e a mamãe faz o filhinho dizer que “a sobremesa é deliciosa e que fica grato com a visita” (quando ele quer tomar sorvete e jogar bola). É a vida. É assim que as famílias se mantêm: com pequenas, grandes, mas sempre respeitáveis mentiras que erigem a hipocrisia à categoria de “salvadora” das pobres e ricas famílias deste mundo.


Cláudia de Marchi


Passo Fundo, 1º de junho de 2011.

Os descontrolados

Os descontrolados.


Eu não suporto gritos. Não suporto pessoas descontroladas, iradas, instáveis e, obviamente, desequilibradas. Uma pessoa normal e psiquicamente saudável não desconta sua fúria gritando com os outros ou agindo com extrema impaciência: uma pessoa equilibrada pensa antes de falar e agir, logo, não grita, apenas age.
Tenho quase certeza que pessoas que gostam de gritar e não se importam com seu desequilíbrio interior deveriam trabalhar como boiadeiros ou algo do tipo já que não assumem sua personalidade e não se internam num hospital psiquiátrico. Claro que os animais não merecem os gritos que ouvem, mas eles precisam para “andarem” juntos, ademais eles não pensam.
Gente, ser humano, seja filho, marido, esposa, empregado, colega, amigo, ninguém merece aturar o seu desequilíbrio, por isso existem psiquiatras e psicólogos. Se você não agüenta algo, se esta infeliz e descontente, os outros não têm culpa e você vai afastar todas as pessoas sãs da sua vida, inclusive as que lhe amam e, com tantos motivos e gritos ouvidos, não vai ser difícil para elas lhe esquecer, certo?
As pessoas equilibradas agüentam os gritos dos raivosos assim como os enfermeiros, familiares e médicos suportam os delírios dos psicóticos e esquizofrênicos. Eles são vistos como insanos, e nenhuma pessoa racional quer discutir com um louco: eles se poupam porque louco é louco! O melhor é ficar quieto e ignorar já que ninguém sai com uma seringa de Haldol na bolsa.
Todavia, o perigo de conviver com uma pessoa sem controle sobre sua agressividade, raiva, e demais emoções é que essas pessoas além de magoar podem lhe enlouquecer ou transformar você num ser humano igualmente desequilibrado.
Os mais “mansos” se deprimem os mais agitados perdem o equilíbrio, mas ambos acabam por deixar sua normalidade psíquica soterrada, enquanto o doente nunca irá admitir que é mentalmente frágil e descontrolado, não por menos é preferível um desequilibrado e demente diagnosticado do que aquele que se faz de “normal” e, cedo ou tarde, mostra sua insanidade tentando achar motivos racionais para seus atos impensados.


Cláudia de Marchi


Passo Fundo, 31 de maio 2011.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

O homem e a esperança.

O homem e a esperança


O homem é racional embora às vezes aja como se não fosse. A esperança é a tábua de salvação de todos os indivíduos, é ela que faz com que as pessoas fujam ou se mantenham inertes: cada um tem uma forma de pensar, uns são ativos, outros passivos, mas todos esperam obter êxito na ação ou na inércia.
É por ter esperança que as pessoas se relacionam com quem não devem, é por ter esperança que as pessoas mais carentes se iludem, elas desejam “a pessoa certa”, o trabalho “realizador”, e, assim, entre o descontentamento com o presente e a incerteza do amanha vive, no coração humano, a bem aventurada “esperança”.
O sujeito descontente no casamento nele se mantém porque espera que, um dia, a paixão volte, que “algo” mude, ainda que nada faça para tanto. O rapaz que vive entre uma relação e outra também espera que, um dia ele dê “certo” no amor. A diferença é que um fica estagnado, outro age, mas ambos desejam ser felizes.
Os seres humanos podem viver muito bem sozinhos, podem ter paz e tranqüilidade, mas, de uma forma ou outra, todos desejam “dar certo” com alguém, construir uma relação sadia e prazerosa, assim como todos desejam trabalhar no que gostam e obter resultados, lucros, É a esperança que faz o homem despertar toda manha para sua vida, para sua realidade.


Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 27 de maio 2011.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Não II.

Não II.



Às vezes você esta passando por um período de carência, de mudança, onde sua auto estima declina e você deseja se elevar buscando diversão ou toda forma de distração para não ter que se auto-analisar, esta é uma das fases em que o “sim” impera na sua boca.
Você conhece uma pessoa diferente, que aparentemente não combina com você e diz “sim” para seus sentimentos mal nutridos em relação a ela, ou então você conhece uma pessoa super legal, mas que não deseja o que você deseja em tal momento- ela quer liberdade quando você quer compromisso, ou vice versa,- mas, apesar disso, você diz “sim” para seus desejos. Em ambos os casos você se machuca.
A tarefa mais difícil de todas é aprender a dizer não à nossas ilusões, e dizer sim a racionalidade e a nossa intuição, aceitar aquele “algo” dentro de nós que diz que esta ou aquela estrada não nos levará a lugar algum, ou, apenas, não ao lugar que desejamos ir (quando sabemos que lugar é esse).
Dizer não para si mesmo é difícil e é uma tarefa que apenas as pessoas maduras conseguem cumprir, ainda que a maturidade tenha sido alcançada à custa de muitos “sim” que não deveriam ser ditos. Fato é que, quem diz sim para tudo, acaba dizendo não para a própria paz de espírito.
É preciso dizer não a muitos desejos, a muitas vontades, quando, de uma forma ou outra, se sabe que, no final, elas não vão compensar e que o prazer imediato é menor que a dor que virá em longo prazo. Esta realmente é uma tarefa para gente grande. Grande e grandiosa.



Cláudia de Marchi


Passo Fundo, 26 de maio 2011.

Não.

Não.


Chega um dia na vida de todo ser humano cordial, imerso em compaixão e muito bem educado que ele tem que aprender a dizer uma palavrinha básica e de muito efeito: não.
Dizer sim para tudo há muito tempo deixou de ser sinal de cordialidade, posso afirmar que tal atitude denota carência, pouca auto-estima, insegurança e, em alguns casos, orgulho: a pessoa quer se mostrar virtuosa, poderosa, teme e tem vergonha de dizer não, mesmo quando o “sim” lhe prejudica (a hipocrisia, então esta “solta no ar”).
É preciso dizer não aos pedidos dos filhos mesmo que eles chorem e se descabelem. O ser humano nasce com certo egoísmo, eles desejam ser satisfeitos a qualquer custo, ou apelam para a chantagem emocional, e ninguém duvida que o choro estridente é uma forma de manipulação inconsciente, certo?
Pais que dizem sim a todos os desejos dos filhos criam os psicopatas do futuro, dão vazão e força ao egoísmo inerente ao ser humano, tornando ele um adulto sem educação e realmente egoísta, do tipo que só se satisfaz quando tudo converge para a consecução de seus interesses.
É preciso dizer não ao pretendente quando ele insiste em algo que você não quer, é preciso dizer não ao namorado, a amiga, ao marido, sempre que o “sim” venha aviltar sua personalidade, seus sentimentos e forma de pensar.
É preciso dizer não até para si mesmo quando a razão aponta o resultado infeliz de algum sentimento ou atitude, mas a emoção teima em nos empurrar para algo pouco valioso que pode nos ferir. Dizer sim para tudo é a principal forma de falsidade, fraqueza de personalidade e hipocrisia. O “não” pode não ser agradável a quem ouve, mas, de regra, é sincero.


Cláudia de Marchi


Passo Fundo, 26 de maio 2011.

domingo, 22 de maio de 2011

Relações problemáticas

Relações problemáticas


Alguns relacionamentos marcam para sempre apesar da pouca duração. De repente você conhece alguém, passa um mês ou uma semana ao seu lado, e não esquece nunca mais. Nem deve esquecer, assim como tais relações não deviam durar mais do que duraram, basta se conformar.
Tal realidade é base para quase todo filme ou livro de romance que nos fazem chorar, dois de meus preferidos são “As pontes de Madison” e “Noites de Tormenta”, aquele bastante antigo, mas marcante, inesquecível. É possível amar pessoas de forma diferente, eis a polêmica da vida adulta: O amor é divisível. Ninguém deseja tal fato, nem quem ama, nem quem é amado, mas, alguém disse que a realidade da vida é “tranqüila e agradável”?
Toda relação é complexa porque une duas pessoas e, conseqüentemente, duas histórias diversas que, em alguns casos, não podem convergir, não podem durar mais do que poucos momentos, como um sonho que temos enquanto dormimos: O sono eterno é a morte, logo os sonhos precisam ter um fim. Precisamos acordar e seguir nossas vidas.
O mesmo ocorre naquele tipo de relação “bandida”, quando o casal termina e volta, volta e termina: Vício, paixão, pode parecer romântico em romances, mas é doença, um precisa do corpo, do cheiro e da presença do outro de forma que, distantes, enfraquecem, murcham. Todavia, o fato é que não é saudável, não é maduro e não deve ter continuidade, um dos dois deve colocar um ponto final na história para que ambos cresçam, apesar da dor.
Fora este tipo de relacionamento, o curto e marcante e o longo “viciante” os outros relacionamentos, os saudáveis e normais não dão “ibope”, não se tornam tema de filmes, são comuns e talvez insossos, todavia são estes os que duram e são almejados pelas pessoas normais e mentalmente sãs. Infelizmente os relacionamentos problemáticos são os que, de regra, nunca são esquecidos.


Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 22 de maio 2011.

sábado, 21 de maio de 2011

Sonhos e sucesso.

Sonhos e sucesso.

Tem gente que sonha com salário alto e dinheiro, eu sonho com realizações honestas. Tem gente que se realiza com uma conta bancária recheada, eu almejo a mente e o coração cheios: prefiro a consideração das pessoas por algo que eu diga, faça ou escreva, prefiro a fama ao dinheiro, pois.
Cada um tem a sua visão do que seja sucesso, e todos, de uma forma ou outra, silenciosos ou não, buscam sua concretude. É por isso que não devemos, em hipótese alguma, criticar os sonhos e os desejos alheios.
Os homens são diferentes entre si: enquanto um busca a estabilidade e a tranqüilidade, outros buscam a arte, a renovação, a criação. Cada pessoa tem como “grandioso” o que lhe apraz e nem todos buscam uma renda imensa para ter em mente que obteve “sucesso” na vida.
Irritam-me os homens que fazem pouco dos sonhos alheios, me anojam aqueles que crêem que seus sonhos valem mais ou são mais altos e melhores que os alheios. Cada pessoa tem como valoroso o que lhe apraz, os sonhos pertencem à alma, e não à toa, cada um tem a sua, que, diga-se, é única e imortal.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 21 de maio 2011.

As paredes

As paredes


As paredes me protegem, embora eu não tenha medo de sua ausência. O que me enjoou e causou-me desprezo foi o ser humano e suas mentiras, o homem e suas máscaras, o homem e sua falta de auto-respeito e consideração por si mesmo. A hipocrisia? Quanto asco me causa!
Enjoei em pouco tempo de ver gente reunida. Cansei da hipocrisia que reina no mundo, cansei do convívio em grupo onde cada um tenta ser superior ao outro e a consideração e o respeito são palavras idealizadas e não praticadas.
Tem gente que não cansa do mundo e das pessoas, eu cansei. Ficar em casa é mais seguro para meu cérebro, sempre foi. Outrora “sair e ver gente” me aprazia, até chegar o dia em que eu vi quão traiçoeira essa “gente” pode ser. É preferível confiar nos meus gatos.
Tenho alergia de hipocrisia, nojo de falsidade e ojeriza de ignorância e estupidez mascaradas por sorrisos insossos. Eu não tenho medo das pessoas, mas prefiro que as paredes me protejam de seus pensamentos e atos errôneos e equivocados.


Cláudia de Marchi


Passo Fundo, 21 de maio 2011.

Novo tempo

Novo tempo


Sinto que o mundo esta carente de “coisas inéditas”. Chegamos ao ponto em que criar esta sendo praticamente impossível, chegamos ao ponto em que olhamos para trás e verificamos que não nos resta muito a fazer, embora se deseje a cura para algumas doenças, é claro. O “inédito” deixou de existir.
Talvez isso seja o que muitos tinham como o “final do mundo”: por mais geniais que sejam os profissionais, por exemplo, eles não têm hoje a consideração social e o lucro que os de outrora conseguiam. Existem muitos concorrentes, muitos profissionais geniais no mercado desejando a mesma coisa.
Antigamente poucos podiam estudar e a ignorância imperava, bastava, pois, formar-se em ensino superior para o sujeito começar a ganhar dinheiro, hoje tudo mudou e em todos os aspectos do conhecimento.
Na literatura o mesmo ocorre. Dizem os especialistas que é preciso produzir algo diferenciado para se “destacar” e publicar um livro, por exemplo. Mas, como fazê-lo se estamos na era da comunicação, da interação virtual, onde já foi escrito sobre praticamente tudo?
Creio que a solução seja avaliar a qualidade do que se faz ou produz e não ter o “inédito” como crédito. A era do conhecimento requer que as decisões sejam detalhistas e verifiquem o bom profissional pela sua dedicação, vocação e qualidade de serviço. O tempo onde o “inédito” era critério passou.


Cláudia de Marchi


Passo Fundo, 21 de maio 2011.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A introspecção e a maturidade

A introspecção e a maturidade



A introspecção se torna habitual para o homem, vez que, na medida em que amadurece, é natural que passe a confiar num menor número de indivíduos, de forma a expor menos seu interior aos outros. Frise-se que não falei “confiar menos” nas pessoas, mas em menos pessoas.
A cada experiência que temos, seja no circulo de colegas de turma, de trabalho, de profissão, seja nos grupos de festa, ou naquele tradicional grupinho de “amigos com aspas” que possuímos, percebemos que são raros os que merecem nossa plena confiança.
Ao constatar isso passamos por uma pequena crise: a do afastamento. Refletindo, ficando a sós conosco e curtindo melhor a nossa própria companhia e pensamentos, verificamos quem merece e quem não merece nossa atenção, Lamentavelmente, averiguamos que muitas pessoas que merecem nosso apreço, por algum motivo, não podem estar ao nosso lado com a freqüência que desejamos.
É, são os males da “vida adulta”, tão almejada quando não possuíamos independência alguma, e tão “estranha” quando percebemos que, mesmo podendo ir para onde desejamos e fazer o que queremos, nem sempre teremos alguém realmente legal e confiável para nos fazer companhia.
A maturidade grita aos homens: “aprendam a serem contentes sozinhos, encontrem a paz e não a melancolia nos momentos de solidão, aceitem-se e selecionem bem quem vai entrar em seus corações!”. Não são todos que ouvem, uns precisam sofrer mais decepções que outros para compreender tal realidade, mas o fato é que ninguém sai desta vida sem aprender a referida (gritante) lição.

Cláudia de Marchi



Passo Fundo, 19 de maio 2011.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Solidão do bem.

Solidão do bem.


Depois de algum tempo afastada da maioria das pessoas que conheço, e dos locais que, outrora eu “simpatizava”, para uma interessante hospedagem no meu lar, tendo apenas minha mãe como companhia, para pensar a respeito da minha vida e atitudes, concluo que a solidão pode ser excelente.
É melhor ficar só do que ter que ouvir histórias que não gostamos e ter que ser “cordial” com o interlocutor psicótico, do que ouvir mentiras de gente que tenta se fazer de “santa” ou reflexões hipócritas de gente mal resolvida. É preferível ficar só a ter a companhia de gente que é o avesso do que somos, mas que supre nosso medo da solidão. Medo que não tenho mais, afinal a melhor companhia para uma pessoa madura é ela mesma.
Descobri que eu, uns DVDs e um bom vinho, formamos um trio forte e sapiente, mais ainda quando dois lindos gatos persas nos fazem companhia. Voltei a descobrir que tenho na minha mãe minha melhor amiga, com quem posso contar, nas madrugadas de insônia ou em qualquer momento, para boas conversas com ou sem um chimarrão a nos acompanhar.
Eu que tinha certeza que nasci para conviver, em especial para ter uma vida de “casada”, sei, agora, que me dou muito, mas muito bem sozinha, sem precisar de junção de gente que nem sempre me estima, de pessoas que me enganam ou mentem, de barulho, jantares ou amizades fajutas.
Não é por isso que deixo de crer que eu e um amor verdadeiro faríamos um belo par, mas hoje eu sei quão bom é estar longe da falsidade e perto de quem realmente me valoriza, de quem posso confiar por ser leal e sincero: eu, minha mãe, e poucos e bons seres humanos que me visitam quando desejam, afinal, para estes. a minha porta sempre está aberta.
Tomo a liberdade, pois de adaptar o verso de nosso poetinha, dizendo: fundamental é mesmo o amor, mas é possível ser feliz sozinho, porque em paz, tranqüilo, em equilíbrio interior, mas, sempre com a doce esperança de reencontrar um novo, intenso e profundo amor.


Cláudia de Marchi


Passo Fundo, 16 de maio 2011.

sábado, 14 de maio de 2011

Os motes dos solitários

Os motes dos solitários


Ninguém se acostuma plenamente com a solidão sem criar alguns “fantasmas”, sem, de vez em quando, ser um pouco borderlaine: é preciso ser criativo e ter amor próprio para conseguir viver bem e sozinho sem sair mundo a fora fazendo besteiras. Mas eu não falei em perfeição, falei?
Todo solitário é humano, e, obviamente, imperfeito. Logo, é na ilusão que ele foge, que ele se distrai, que ele “passa” algum tempo. Cria uma meta, impinge todas suas forças psíquicas nela, e distrai-se, passam as horas, os dias, os meses, e ele não sente a dor que poderia sentir não fosse a distração que criou.
Como um esquizofrênico, o solitário esperto inventa personagens, inventa desejos, e vai atrás deles, todavia, como não é demente de fato, o faz silenciosamente, para salvar a sua alma da melancolia, não para atordoar ninguém. Ele sabe quando a sua ilusão inicia, ou seja, o que ela tem de real, e quando ela termina: ele a inventa, apenas, para dar um alento ao seu tédio.
E, assim, as pessoas terminam se “acostumando” com a solidão, entre uma “super dedicação” ao trabalho, entre uma paixão inventada, entre metas a serem cumpridas e entre tarefas pessoais a serem efetivadas, o solitário consegue viver sem afogar-se em amargura. É um mote, mas lhe vale a alegria real, ainda que solitária.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 15 de maio 2011.

Natureza

Natureza


A vida nunca se comprometeu a ser perfeita com você, ela nunca assumiu a obrigação de lhe dar prazer em todas as circunstâncias e de lhe fazer vencedor em todas as batalhas que pelo seu livre arbítrio você resolveu assumir.
A vida é silente, descompromissada e democrática, ela não assume nada com ninguém, quem se compromete com ela, ou com metas que quase a superam, são os homens, estas mesmas bestas, que cobram dela suas realizações.
A vida basta existir, ao dia basta raiar, as noites escurecer, as madrugadas despontar, ao sol basta aquecer, a chuva basta molhar, tudo o mais que se deseja, cabe ao homem procurar, buscar, sem, contudo, desrespeitar a vida e seu codinome: natureza.
Desrespeitando-a é que, pouco ao pouco, na medida em que seus cofres se avolumam, a humanidade vai padecendo de males desnecessários e fatais. A vida não tem culpa de nada, Deus também não. Quem vive e tem como dádiva a liberdade e o livre arbítrio é quem tem a responsabilidade pelo que faz e pelo que tenta dizer e provar que não faz.


Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 14 de maio 2011.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A verdadeira riqueza

A verdadeira riqueza


O homem não tem sabedoria o bastante para crer que as maiores riquezas são aquelas que ele não enxerga, não conta e, muitas vezes, nem percebe ou valoriza.
Mal sabem as pessoas que o poder esta dentro delas ao lado da riqueza, suas grandes ambições terrenas. Desejando tudo o que o dinheiro pode comprar, a beleza cativar, e aos outros ostentar, mostram-se pobres e vis, cegos para o que realmente possui valor.
Não estou dizendo que dinheiro não é bom, não sou hipócrita. Dinheiro honesto, trabalhado e valorizado é bom desde que o homem tenha maturidade para tê-lo e desde que a ele, e ao que ele propicia comprar, não se escravize. Numa sociedade materialista o homem abastado “conquista” tudo, e termina acreditando que é ele quem o faz, quando, na verdade, é o seu mestre: o dinheiro. Belas (?) mulheres, amizades, festas, convites, amores falsos, tudo captado pelo dinheiro, portanto sem valor, sem sabor, sem sentido.
São raras, mas ainda existem pessoas que procuram, além do encanto da beleza, o real e verdadeiro encantamento gerado pelas virtudes, pelo bom caráter, pela moral límpida e pela consciência tranqüila que resplandece no olhar e na energia que emana um homem de bem, aquele cujo coração é rico e a alma, belíssima.
De todas as riquezas, pois, que pode ter um homem, é na sua alma e no seu coração que se encontram as genuínas, as que realmente possuem valor, as que realmente lhe dão felicidade, serenidade e paz. Rico será o mundo quando disso se aperceber. Por enquanto, pois convivemos com ricos miseráveis e pobres ricos: abençoados sejam os que sabem distingui-los.


Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 09 de maio 2011.

sábado, 7 de maio de 2011

Inexplicáveis

Inexplicáveis


A semelhança entre os piores e os melhores fatos de nossa vida é uma só: a ausência de explicação lógica para ambos. Por mais que tentemos, por mais que utilizemos conhecimentos de Cristo ou de Freud, não adianta, tais acontecimentos não se explicam através de nosso olhar racional.
Tal é o motivo pelo qual a maioria das pessoas crê que “nada acontece por acaso”, e é verdade, afinal, ninguém sabe explicar o que seria o “acaso”. Os fatos surgem de forma inusitada, nosso coração reage de forma mais inusitada ainda e nossa mente tenta, mas não traduz em palavras os sentimentos agradáveis, ou não.
Porque você conheceu determinada pessoa e se encantou tanto por ela se mal a conhece? Porque dentre tantas opções você escolheu aquela que lhe feriu? Porque você estava naquele local, naquele dia, naquele momento e aconteceu o melhor encontro de sua vida? Não há explicação.
Para certos fatos, pois, nada nos resta a não ser aceitar, sejam eles bons ou ruins claro que, quando eles são agradáveis, são assimilados com sorriso em nossos lábios, quando não, é a tristeza que aparece pintada em nossa face. Sempre, porém, são as boas lembranças que devemos cultivar, porque quem alimenta a dor, digere uma tristeza infindável.


Cláudia de Marchi


Passo Fundo, 07 de maio 2011.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

"Caindo na real"

Caindo na real.


Sabem aqueles dias, aquelas madrugadas insones que, no ócio, você se coloca a refletir? Pois bem, tenho tido muitas noites e madrugadas destas, em que eu olho para um quadro enorme com uma foto minha que há no meu quarto e me pergunto: quem era ela? Quem, pois, sou eu?
O que une o meu “eu” de hoje com o de alguns anos atrás? O que me separa dele? As decisões, as escolhas, as renúncias, obviamente. Todavia eu sou aquela que continua dormindo com ursinho de pelúcia, até quando era casada.
Opa! Uma decisão rara a favor de um cliente meu, após um recurso, no Judiciário! Que alegria! Mas, afinal, eu sou aquela que esta descontente com a advocacia ou aquela que, no fundo, tem medo de se frustrar novamente em seu ofício de batalhas com os colegas desonestos?
Eu sou a desiludida afetivamente, que de tanto sofrer aprendeu a ser fã de música sertaneja, ou eu sou a adolescente que fazia das músicas da Legião hinos a serem ecoados na escola? Eu sou aquela que fez de tudo por amor, ou a covarde que voltava para os mesmos braços por carência e solidão? Eu sou a moça que repetia atos (Freud explica, meu bem) ou a mulher que se amarra em casa para não repetir o que não lhe fez bem em qualquer aspecto?
Eu sou aquela que foi muito amada ou causou insegurança aos respectivos amores? Eu sou a mulher consciente e dona de si, eu sou a mulher decidida que não se arrepende do que faz e sempre tem um sorriso para dar? Ou sou a antipática, ou aquela que “sorri” demais e é criticada? Eu sou inteligente, esperta ou inocente? Definitivamente: Primeira e terceira opções estão corretas, sou e sempre serei uma tola que crê no amor e na lealdade das pessoas.
Eu sou todas estas e muito mais, enfim. Continuo sendo um poço de antinomias numa pessoa só, sem ser complicada, nem perfeita, eu sou humana e simples. Todavia, o fato é que, ao mundo, não importa quem eu sou realmente, mas o que as pessoas (que de “nada” a “coisa nenhuma” sabem de mim) dizem, pensam ou inventam sobre mim. Finalmente, esta sou eu: “caindo na real”.


Cláudia de Marchi


Passo Fundo, 05 de maio 2011.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Plantando, semeando e colhendo.

Plantando, semeando e colhendo.




Nada de bom pode nascer em solo mal cuidado e cheio de inços, é preciso limpar, preparar a terra, para, então, plantar bons frutos, semeá-los, para que apenas no tempo certo eles mostrem quão belos são. É preciso calma para plantar, paciência para colher, e entusiasmo para festejar a boa colheita.
Na vida, assim como na agricultura, também é assim, obviamente, nada é calculado, previsível, aliás, é esta a emoção maior: de nada sabemos, mas precisamos zelar pelo nosso coração, precisamos ouvir nossa intuição- a voz da alma que nos impulsiona,- e, então, deixar a sementinha do bem-querer cair, para, os frutos nascerem, de preferência no solo regado e cuidado com zelo e afeto.
Não é possível plantar discórdia, vinganças, desaforos, egoísmo, ofensas, humilhações, e querer colher bem- querer, confiança, afeto. Não é possível plantar desdém, desprezo, desapreço e colher atenção e carinho.
A vida é dos emocionalmente inteligentes, mas é dominada pelos emocionalmente ignorantes, por seres que não estão nem ligando para os corações alheios e para os seus próprios, por pessoas materialistas e vãs.
Mas eu sei que neste mundo “estranho, com gente esquisita” existem pessoas como eu e como você, que apesar de tudo, ainda acreditam no amor, no bom plantio, na boa semeadura e na próspera colheita. Sem nenhuma dependência do acaso, porque nada ocorre por conta dele nesta vida.




Cláudia de Marchi




Passo Fundo, 03 de maio 2011.

Perdendo e ganhando

Perdendo e ganhando

A gente não perde pessoas apenas para a morte, a gente perde pessoas com o passar do tempo, a gente se afasta de alguns, se aproxima de outros, a gente muda de cidade, a gente viaja e, a gente se despede de quem amou, e perde, também um turbilhão de idéias e ideais, um mundo de sonhos, de sentimentos e paixão.
Quanto maior a dificuldade humana para lidar com a perda, tão maior será sua dificuldade para viver, onde uns vão aferir sabedoria com mais facilidade, outros vão adquirir frustração, dor e lágrimas, mas, olhe, veja só! Qual o homem que você conhece e acata bem suas frustrações? Das mínimas às grandes?
Quem quer constituir uma empresa e falir? Quem quer abrir um escritório e não conseguir mantê-lo? Quem quer ter filho com problema de saúde? Quem quer que a filha linda se vicie em drogas? Quem quer que o amor sucumba aos erros e as dores? Quem quer namorar, confiar, ou até mesmo casar, e ser traído? Ninguém, eu acho.
A gente nasce sabendo um pouco das manhas da vida: chora, ganha comida, faz necessidades, resmunga, geme de alegre, de dor, e assim vai. Acerca das frustrações, acerca das perdas e de tudo que temos que abdicar na vida para nos tornarmos realmente maduros, porém, podemos viver mais de cem anos e nunca teremos aprendido tudo. Sempre há o dia em que as lágrimas vão cair, em que, a sós, ou em meio a multidão, a gente se sentirá sozinho, com nossos sonhos frustrados. E isso dói, mas, como tudo na vida, passa.


Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 02 de maio 2011

domingo, 1 de maio de 2011

Escolhas

Escolhas



Jamais faça de suas experiências afetivas frustradas e passadas paradigmas para o seu futuro, para as novas experiências que terá. Isso inclui os problemas infantis que conservamos em nossas mentes.
Ficou com um amigo e acabou perdendo os dois, o romance e o amigo? Acontece, é um risco, mas não significa que sempre tal ato vai ter o mesmo resultado. Casou e se decepcionou, se sentiu usado, frustrado, traído, mal amado? O problema jamais é o casamento, meu caro, é a pessoa que você escolheu para casar.
O amor em todas as suas formas sejam amizades, parentesco e romântico, entre um casal, merece e sempre vai merecer brindes, odes. O problema não foi o seu relacionamento que terminou, o problema foi a ausência de amor ou, se houve frustração, foi pela pessoa escolhida. Por você, frise-se bem.
O demérito de relacionamentos depende das pessoas que se relacionam. Amar é bom, namorar é ótimo, casar também, conviver igualmente, a questão é e sempre vai ser: Quem você escolheu para estar ao seu lado? E, por fim, a escolha foi de quem, mesmo?
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 1 de maio 2011.