Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

terça-feira, 30 de novembro de 2010

A maturidade e a juventude da alma.

A maturidade e a juventude da alma.

Quando eu era novinha fazia questão de afirmar que era “madura demais para minha idade”, agora que ela se avantajou um pouco e que sinto a maturidade real e superior a que outrora eu afirmava possuir, tento conciliá-la com a juventude de minha alma, com minha energia física e psíquica, com meus anseios, ânimo e humor elevado.
Assim como a terra é redonda a vida e nossos pensamentos também são: Nós damos voltas, mas num momento ou noutro chegamos no ponto de partida, com o adendo, é claro, do aprendizado aferido nesta trajetória, motivo pelo qual podemos voltar a certo ponto e rever nossos conceitos.
Eu que aos sete anos me divertia com minhas tias e amigas de vinte e sete, era eu que com 17 saia com minhas tias de 37, agora que tenho 28, me divirto e compartilho momentos e experiências com leais amigas de 17, 20, 25 anos. O homem não tem a idade do tempo, ele vive na idade da sua alma.
Benditos sejam os homens de espírito jovem, de alto astral, de esperança nos olhos, de entusiasmo na boca, de bom raciocínio na mente e amor transbordante no coração! Benditos os que não se tornam amargos com o tempo, benditos aqueles que o seu decurso refina, apura, melhora e faz descobrir que não é preciso apregoar maturidade, mas apenas viver humildemente porque para quem bem vive a vida reserva um mar de sapiência, independentemente da juventude de sua alma.

Cláudia de Marchi


Wonderland, 30 de novembro de 2010.

Ambição de vida.

Ambição de vida.

Eu não ambiciono viver muito, eu quero viver bem. Boa parte das pessoas vive com medo da morte, mas age como se pudesse ser eterna. Priva-se de diversão, de boa comida e bebida em prol da beleza, da saúde, desperdiça-se bons momentos hoje como se tivesse certeza de nova oportunidade amanha.

A vida é feita de fases, embora muitos estagnem numa só. Eu superei a fase da obstinação pela juventude, pela pele perfeita, pelo corpo em forma. Hoje eu me limito, mas, sobretudo, eu limito o hábito de limitar meus desejos em prol do futuro, de sacrificar minhas vontades em prol do “esperado”, mas inexistente (no presente).

Se hoje quero beber algo que me apetece, se hoje quero comer aquela comida saborosa e engordativa, se hoje quero ler um pouco mais e render um pouco menos, se hoje eu quero confraternizar com quem eu amo, eu bebo, como, leio e faço. Se amanha eu acordar respirando vou tomar mais sucos, beber mais água, comer mais frutas, malhar um pouco mais e fazer hora extra.

Não deixo para amanha a vida que posso viver hoje, não me preocupo com números, com dias, com horários. Tenho muita responsabilidade, mas não deixo nem as tarefas e nem o prazer de lado. Eu quero viver bem e não bastante porque qualidade para mim é intensidade, não duração.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 30 de novembro de 2010.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Permanece,

Permanece.

Nada é eterno nesta vida, algumas coisas apenas permanecem e se permanecem é por alguns nobres motivos. Neste mundo em que as conquistas são mensuradas com facilidade o que sempre terá valor é aquilo que as mantém.

Conquistar uma pessoa, por exemplo, é tarefa primária. Manter a conquista, manter a chama, manter a admiração, o carinho e tudo o que outrora apenas nos “chamou a atenção” é maestria.

Tudo o que não permanece, tudo o que finda, por sua vez termina por alguma razão plausível embora não “unânime”. É o encanto e não a paixão insana que mantém um relacionamento, é aquele abraço forte, aquele beijo doce, aquele carinho especial, as palavras de confissão e amor transmutadas em um olhar que nos fazem querer permanecer ao lado de alguém nesta vida.

O amor nasce de forma praticamente inexplicável, mas não finda sem uma explicação lógica, e este é o belo mistério da vida. O amor também não se mantém sem que existam atos, fatos e sentimentos que lhe nutram.

O que nasce praticamente desprovido de explicações e elucidações racionais finda com certa “obviedade explicável” que se traduz em desencanto, a melhor palavra para indicar “o fim do amor”.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 29 de novembro de 2010.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O tédio e a infelicidade

O tédio e a infelicidade

O tédio que assola relacionamentos, trabalhos, amores, amizades e dias humanos é um sinal de tranqüilidade recorrente. Só quem esta contente ou em paz pode sentir tédio e lastimá-lo.

Os infelizes não se entediam. Eles não têm momentos altos, eles vivem nos baixos amargando a tristeza que lhes deixa permanentemente infelizes. Não há tédio na infelicidade, ela é em si o cúmulo do tédio.

Entendiam-se os que vivem momentos alegres e tranqüilos a ponto de enjoar. Não há a agitação própria da tristeza. Tudo o que se mantém entedia, inclusive o que é bom, apenas a tristeza não entedia.

O infeliz vive prostrado, sem vontade e sem alegria. A rotina e os dias calmos não lhe irritam, ele vive, de regra, irritado. Não reclame do tédio. Ele é um indício de que sua vida não é ruim, é, apenas, tranqüila demais.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 23 de novembro de 2010.

Tchau.

Tchau.

Com o passar do tempo e a descoberta do amor passei a ter certeza de que eu sou paciente. De que tenho um saco enorme de paciência para agüentar coisas que as pessoas, de regra, não suportariam.

Todavia, a vida também me ensinou a dar um basta na paciência em prol de mim mesma. Em prol de meu amor próprio, em prol da minha paz e do meu auto-respeito.

Coragem para lutar, tentar e enfrentar o mundo em prol de meus desejos nunca me faltou, coragem para perdoar, para relevar o que muitos jamais relevariam, menos ainda, mas amor próprio e força para recomeçar também nunca me faltaram. Nunca irão faltar.

Eu sei quando devo dar um basta no que me faz mal, ou, ao menos, deixa de me fazer bem. Eu sei evaporar de perto do que não me estima devidamente, do que me fere.

Na verdade a vida ensina que ela é muito perene para desperdiçarmos nossos minutos ao lado de quem não nos merece, ao lado de quem não nos valoriza. É para estas constatações que existe a palavra “tchau”, ou, no mais cruel dos casos, “adeus”.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 23 de novembro de 2010.

O que eu estou fazendo aqui?

O que eu estou fazendo aqui?

O que eu estou fazendo aqui? Com tantos lugares no mundo, com tanta vida pra viver, com tanto amor para dar, com tantas pessoas para amar, com tanta estrada para trilhar, ora, o que eu faço aqui?

O que eu estou fazendo aqui, quando o infinito não eterno me convida para segui-lo? Quando a vida me convida a experimentar outras estradas onde eu posso ouvir e cantar a música que eu desejo sem ninguém para me censurar, o que eu faço por aqui?

Quando e porque eu limitei os meus sonhos, as minhas ambições e as minhas metas? Quando foi que eu comecei a ter medo e a dor começou a me assustar mais que a vontade de ser livre e só? Existe algo realmente grandioso a justificar tais atos? Será que este algo por maior que seja vale à pena, ou será que eu irei me perguntar outras várias vezes: “O que eu estou fazendo aqui?”.

O que eu estou fazendo aqui, quando esta pergunta me judia o peito por algum motivo infeliz? O que eu estou fazendo aqui se meu coração é imenso, se meus sentimentos são os mais puros, se minha alma apenas brilha enquanto algo escuro tenta encobri - lá? O que, afinal, eu estou fazendo aqui?

Cláudia de Marchi

Wonderland, 23 de novembro de 2010.