Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Merecem-se

Merecem-se

Julgar aos outros é feio e inútil, e, mais do que isso, pode ser patético. As pessoas adoram falar das virtudes de um dos seres que compõe um casal enquanto desdenha os defeitos do outro. Tolice, ignorância prestar-se a isso.
“Ela é tão meiga, querida”, “ele é tão ciumento, irritadiço”, e assim por diante. Julgar casais é quase sempre iníquo e tolo, principalmente se mesmo entre brigas e reconciliações eles se mantém juntos.
Ninguém se mantém ao lado de quem é muito diferente de si, ninguém se reconcilia e aceita quem com ele não se afina, então esse papinho de “a santa” que ama o “anticristo” não cola, nunca vai colar.
“Pobrezinha dela sofreu a vida inteira ouvindo os disparates dele.” Sofreu? Será mesmo? Ou será que ela não pensava muito diferente dele e as brigas se deviam apenas a contrariedades comuns entre duas pessoas diferentes que se unem, mas não se igualam pelo amor?
Ora, chega de mitos! Se fulano e fulana estão juntos é porque se amam, é porque se admiram, e, logo, se merecem. Gatos não casam com ratos, corvos não casam com periquitos, salmão não casa com tubarão, então, não fale mal de um dos cônjuges e de seus males porque se o outro está ao seu lado é porque muito diferente dele ele não é, e nem poderia ser já que um casal nada mais é do que uma dupla envolta por amor, muita atração e afinidades.

Cláudia de Marchi
Wonderland, 31 de agosto de
2010.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Muito além da simpatia...


Muito além da simpatia...

Cuidado com as pessoas agradáveis demais. Cuidado com as palavras doces, com a simpatia escancarada e exacerbada. Pessoas muito simpáticas e que não buscam um cargo eletivo podem ser, isto sim, demasiado falsas.
Simpatia e cordialidade apesar de serem belas virtudes não significam bom caráter. O caráter se esconde por trás do sorriso e das palavras adocicadas, o bom caráter pode estar por trás de desequilíbrios, de pessoas agitadas, nervosas, mas ele pode estar em suas almas errantes e significa bondade.
Simpatia, afetuosidade, cordialidade, polidez, necessitam da espontaneidade para se mostrarem sinceras. Pessoas espontâneas, de regra, são bondosas, são puras, o que, é claro não significa que sejam incapazes de magoar a outrem.
Causar dor e mágoa é algo que acontece independente da vontade humana, em especial porque as pessoas tendem a imaginar demais, a fantasiar demais, a esperar demais, a sufocar o outro com seus planos sem deixá-lo manifestar seus anseios que, quando ditos podem lhes contrariar e magoar. O homem não tolera a contrariedade.
Tente captar a sinceridade alheia através de seu agir espontâneo, não exija que as pessoas lhe agradem, não queira políticos ao seu redor, deseje apenas a companhia dos que vivem e deixam viver, dos que respeitam, mas não tem como objetivo fazer o bem para você. O bom caráter esta na alma do homem que faz o bem sem pensar que o faz e, porque não dizer, “sem querer” fazê-lo e ser por isso agradecido.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 30 de agosto de 2010.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Quem fala mal...

Quem fala mal...

Com licença, sai pra lá com este papinho de falar mal dos outros. Sai pra lá com este papinho de falar mal da aparência alheia para se envaidecer, de criticar a conduta dos outros para se colocar na meiga posição de “anjo de candura”.
Sai pra lá porque quem se envaidece com palavras se despreza com tal ato. E com outros mais, igualmente vazios, igualmente toscos. Dá licença porque eu passei da fase, da idade e principalmente da crise existencial em que analisar a “maleza” alheia me aliviava.
Com licença baby, mas hoje em dia falo da minha vida, exponho as verdades sobre mim que acho que você merece saber e me calo. Se você acha conveniente falar mal da aparência, da moral, opiniões e condutas alheias para se sentir bem, pode fazê-lo, mas pode ter certeza que suas palavras entram em um de meus ouvidos e evaporam pelo outro.
Não sou mal educada, não mandarei você calar a boca, apenas irei lhe ignorar e verei que não estou com uma pessoa confiável em minha frente. Quem é confiável não fala dos outros, tampouco os critica, apenas cuida de sua vida. Quem fala mal de alguém para você, tenha certeza que fala mal de você para alguém.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 24 de agosto de 2010.

O poço da paciência

O poço da paciência

Nossa alma é como uma terra fecunda onde o crescimento de bons sentimentos e a produção de bons atos depende unicamente de nossa vontade, de nosso amor pela vida. Todos têm, porém um poço nesta terra que, tal quais os d água são fundamentais para a sobrevivência de tudo que deve ser bem cuidado no mundo.
O poço é o da paciência que não pode secar ou transbordar pena de alijar com os bens emocionais que temos e cultivamos. Alfinetadas, ofensas, dentre outros fatos geram mágoa e ela vai enchendo o poço vagarosamente a custa de algum sofrimento e tristeza.
Todos os seres humanos, porém, possuem limites, inclusive para sua paciência, é impossível aceitar o que nos macula o amor próprio que é o que dá a medida para o que aceitamos ou não das outras pessoas, além, obviamente do teor de sentimentos que temos por aqueles que podem nos ferir.
Quem aceita demais um dia perde a paciência e pode devastar muitos sentimentos, muitas relações, motivo pelo qual é imprescindível que não apenas nós, mas quem nos cerca e se julga importante em nossas vidas nos ajude a zelar por este poço para que ele não transborde e destrua com as relações que o circundam.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 24 de agosto de 2010.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Saudade constante

Saudade constante

Eu sinto muita saudade. Sinto saudade de pessoas que devem ter me esquecido, sinto saudade de pessoas que se deram o direito de me odiar, sinto saudades dos animais que tive, dos momentos que vivi, de instantes que muitos já teriam esquecido.
Sinto saudades de quindins, ostras, peixes, carnes, massas, sinto saudade do vinho, da espumante, da bebida adocicada e do suco. Sinto saudade de outros sabores que mesmo sendo salgados ou picantes me remetem á doces lembranças. Sinto saudade de estradas, praias, montanhas, vacas, lagos, rios e fazendas. Sinto saudade de paisagens, de cheiros, de gostos, de beijos, de toques.
Sinto saudades de ínfimos ou intensos desejos e sensações, sinto saudades do entusiasmo de certas idéias. Sinto saudades até mesmo da tristeza e da dor: As melhores professoras para os alunos mais teimosos na escola da vida.
Tenho saudades de lugares, de cidades. Sinto saudades até mesmo de locais nos quais eu não quis permanecer e de pessoas que deixei para trás, ou de lado, ou ao meu lado Sinto saudades de tudo que eu escolhi, de tudo que já senti. Sinto saudade daquela que já fui, sinto saudades do que muitas pessoas ignoram e desprezam.
Tenho uma forma peculiar de sentir e a saudade é minha amiga, ela não me faz sofrer e faz parte da minha vida. Sinto saudades porque sou sozinha, porque tenho plena consciência de que por mais que tente ninguém “esta por mim” neste mundo. Sou eu, apenas eu com meus sentimentos incompreendidos, com minha sanidade, eu e minha loucura, eu e meus desejos criticados, minhas atitudes malbaratadas.
Saudade não me traz tristeza ou melancolia. Se eu vivi, se eu sofri foi por meus atos e se agi foi por minha vontade. Assumo minhas atitudes acertadas ou não e é por isso que me relaciono bem com a saudade: Não trago o arrependimento com minhas lembranças, eis a questão.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 19 de agosto de 2010.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Propaganda eleitoral.

Propaganda eleitoral.

Sou uma pessoa que não confia em propagandas, menos ainda nas famosas “eleitorais gratuitas”, em especial pelo fato de que os candidatos não apenas expõem seus intuitos, mas porque “estrelam” em suas propagandas como atores em uma peça teatral.
Não posso negar que acho estranho que num País democrático o voto seja obrigatório e que os jovens sejam considerados aptos para votar aos 16 anos,(ou seja, dar a direção política da nação), mas só possam fazer carteira de habilitação aos 18 anos.
Eis que outro dia estava assistindo a propaganda da candidata à presidência petista, quando, de repente parte de meus neurônios enfraquecidos deduziram: “Esta mulher é uma mártir, quase uma santa!”, todavia, a impressão falsa passou tão rápido quanto chegou (Benzadeus!).
A função da propaganda eleitoral é, inclusive (ou unicamente?)esta: A de convencer aos cidadãos da “superioridade” de determinado candidato, não para menos ela é iníqua para as pessoas, digamos, “espertas”.
Conduta de vida, caráter e boa atuação política (ou não) a gente só constata averiguando as verdadeiras realizações da pessoa em seu passado. O resto é balela, qualquer “maquiagem” disfarça, qualquer “trova” pode convencer e, mais ainda, qualquer marqueteiro talentoso consegue operar uma lavagem cerebral nos menos avisados.
É preciso ficar esperto e não se deixar levar pelas aparências, pelo estrelismo dos candidatos, pelas conversas de seus amigos (ou seriam “personagens” corruptos?). Já que o voto é obrigatório e exercer a cidadania é fundamental pense, mas pense muito antes de votar e não esqueça que se a opinião da maioria fosse correta o mundo não estaria de mal a pior.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 18 de agosto de 2010.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Se não me compreende, não me importa.

Se não me compreende, não me importa.
Já faz algum tempo que eu desisti de querer ser compreendida. Errei bastante, tentei remediar alguns erros, não fui ouvida, fui ignorada. Desisti, simplesmente desisti. As pessoas no fundo não compreendem a si mesmas, logo é muita pretensão de um ser desejar que os outros o compreendam. Resignei-me a isso.
Não foram poucos os enxovalhos que ouvi, não foram poucas as críticas, não foram poucas as indiretas e as diretas mordazes a respeito de meus sonhos, meus atos, meus desejos, minhas atitudes precipitadas ou tardias.
Na verdade nunca segui muitos conselhos e vivo ouvindo a voz do que meu coração, o que irrita algumas pessoas que me atribuem o adjetivo de louca enquanto se consideram “normais” e superiores. Não atendo telefone quando não quero e consigo evaporar da vida de quem, por um motivo ou outro, acho que não me merece. E mudo de idéia também. Eu vivo, aprendo, sofro e mudo. Mudo muito, mas nem todos têm a oportunidade de constatar isso.
E agora você me pergunta se me importo com o que pensam ou falam de mim? Ora, não seja tolo. Como uma pessoa em sã consciência vai dar importância para o que pensam aqueles que não a compreendem? Ora! Podem me chamar de louca ou algo assemelhado, mas estou muito longe da irracionalidade ou burrice.
Jamais, nunca, nunca me importei e jamais pensarei em me importar, o que, claro, não signifique que eu não sinta as alfinetadas das críticas duras e sem compaixão a meu respeito, mas o que seriam elas se comparadas com o corte que têm na alma essa gentinha que usa seu tempo para me criticar? Nada, tenho certeza.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 16 de agosto de 2010.

sábado, 14 de agosto de 2010

Pelo amor ou pela dor.

Pelo amor ou pela dor.
Dizem que o amor ensina e que quem por ele não aprende o faz pela dor. Eu digo que o amor ensina, mas a mente pode esquecer o que aferiu através dele, todavia jamais esquece o ensinamento aferido pelo sofrimento.
Aquilo que o homem aprende a custa de suas lágrimas, de suas perdas, o ensinamento da solidão, dos erros, do arrependimento se torna indelével na alma humana. Peça para um aluno quinze dias após uma prova se ele se recorda da resposta de determinada questão, provavelmente aquele que a errou e perdeu pontos por isso tende a guarda - lá na memória para sempre, ou, ao menos, por muito mais tempo. O homem esquece mais rápido dos seus acertos do que de seus erros.
As pessoas de espírito passivo e calmo aprendem melhor e mais facilmente com o ensinamento alheio, com palavras ternas e amorosas, todavia existem aqueles de alma mais rebelde que só fixam o aprendizado a ponto de não repetir os erros cometidos nem outros assemelhados após sofrer, após sentir a cruel dor do arrependimento, após ter que refletir, após chorar.
O que é mais nobre, você me pergunta? Aprender. Crescer e evoluir sempre são atitudes nobres, são estes os únicos objetivos do Arquiteto do Universo para suas criaturas, logo o resultado, tratando-se de evolução e aprimoramento humano independe do meio, independe se foi através do amor ou do sofrimento.
O que conta é a falta de prepotência, de arrogância, o que conta é a humildade do aprendiz, porque por mais que o homem aprenda, ele só se mostra realmente sábio enquanto não se considera portador de conhecimentos superiores aos alheios. Se sorriu, se chorou, se sofreu para aprender o que importa e sempre importará é o que aprendeu e o quanto melhorou, o quanto evoluiu na vida psíquica e espiritualmente.

Wonderland, 14 de agosto de 2010.

Pequena grande crônica sobre a busca insana pela "perfeição" física.

Pequena grande crônica sobre a busca insana pela “perfeição” física.

Estou preocupada comigo. Seriamente preocupada. Fui acometida por um mal que jamais pensei ter, o mal do desejo de perfeição, o mal da auto- aceitação física “mais ou menos”. Não me acho feia, mas entrei naquela “nóia” pós-moderna de que tudo pode melhorar com um investimentozinho doa o que (e não “a quem”) doer.
Era a magreza, a bunda discreta. Nada que uns honorários não resolvessem: Silicone na poupança! Horas de cirurgia, morfina, dias e dias sem poder sentar direito. Pronto! Consegui um volume de glúteo intencionalmente desproporcional ao resto do meu corpo o que, é claro sempre achei lindo, pernas discretas estilo Juliana Paes e um bumbum avantajado. Sonho realizado, claro, sonho pessoal, muitas mulheres acham feio, horrível. Gosto, cores, amores e política realmente não se discutem!
Depois veio a implicância com os cabelos. Pontas feias, excesso de sal, verão intenso, aproveitado com muita piscina e praia concomitantemente: Cortam daqui, cortam dali, luzes, mechas escuras. De repente o descontentamento total: Cortar mais as melenas e ficar loira ou pintar os cabelos de preto? Como estavam muito curtos optei por aloirá-los. Todavia, há meses estou tentando deixar o loiro do jeito que desejo e não consigo!
De repente um pneuzinho normalíssimo se tornou motivo para uma nova cirurgia, agora, após casada, ou seja, sem a desculpa de que estou numa “crise existencial”, e assim fiz uma lipoaspiraçãozinha “básica”. Inchaço, dor, anestesia, nada me assusta mesmo. Todavia parei para pensar que eu, (justo eu!) estou vivendo a fase do “tudo em prol da beleza”. Tudo? Mas e a minha sanidade mental e inteligência foram parar aonde?
Pós “lipo” o cumprimento dos cabelos passaram a me importunar e passei a pensar em recolocar o mega hair. Eis que passei a perder o sono preocupada comigo e com este mau moral que esta me acometendo e fazendo eu desejar melhorar excessivamente meu corpo relativamente jovem.. Porque tanta vaidade? Da onde tanta vontade de ser o que ninguém conseguirá ser ou, ao menos em sã consciência irá sentir-se: Perfeita?
As loiras admiram as morenas, as de coxas rijas admiram aquelas de coxas grossas que nem com muita musculação conseguem enrijecer, as altas reclamam da altura demasiada, as baixas da pouca estatura, e assim segue. O descontentamento é a regra básica do excesso de vaidade hoje em dia, onde as mulheres estão perdendo a sanidade na medida em que endeusam sua aparência, ou melhor, na medida em que endeusam a beleza que se torna (de acordo com seu gosto) um “ideal”.
Não me excluo deste rol, aliás como filha única confesso que minha mãe padeceu da síndrome “minha filha tem que ser perfeita” o que deve ter colaborado para a minha aceitação física parca. . Não moralmente apenas, me era exigido, mas fisicamente. Quando pegava pesado na musculação e estava me achando ótima, tinha corpo “demasiado forte”, quando emagrecia estava com “aparência ruim” por causa dos ossos aparecendo, quando engordava “ficava vulgar por causa das coxas e seios fartos”. Minha mãe me incentivou a turbinar meu bumbum, e foi a primeira a dizer que não gostou, bem sem comentários.
Antigamente eu tinha uma “cabeleira excessiva”, agora ela diz que tenho “40 fios de cabelo na cabeça”, sorte a minha que casei com uma pessoa que não se importa com a cor dos meus cabelos, volume do meu glúteo, seios e etc. Fiz seis tatuagens desde que o conheci sem nunca lhe pedir opinião, mudei a cor do cabelo umas sete vezes também e nunca fui criticada.
Não preciso de elogios, só não desejo criticas, isso me basta. Meu marido me aceita como sou, respeita meus atos, minhas sandices, meu jeito, e, na verdade, é isso que todos buscam: Alguém que lhes aceite como são, no entanto a maioria, em especial das mulheres, esta padecendo com a não aceitação de si própria.
Outro dia me questionaram se meus cílios longos, herança de minha mamãe, tinham “permanente”. Céus, até isso se faz hoje em dia! Respondi que não, mas creio que a pessoa não acreditou, com uns trocados no bolso e a beleza como prioridade tudo pode neste mundo onde se faz verdadeira a idéia de que não existe mulher feia e sim mal arrumada ou sem condições financeiras, excluindo, é claro, as belas e pobres, ode da natureza à aceitação e a beleza natural, todavia aposto que se tivessem condições iam mudar ou ao menos desejam mudar algo em si mesmas.
As mulheres precisam compreender que é impossível ter tudo de belo em um corpo só, a bocona perfeita, os olhos brilhantes, o nariz de boneca, a cintura proporcional ao quadril, as pernas de Barbie, ou de “mulher melancia”(me abstenho de colocar letras maiúsculas!)? Os seios naturais ou de “mulher melão”? Na verdade cada pessoa tem um gosto e o que é admirado no corpo de uma pessoa por outra pode ser por ela desprezado. Nem mesmo no quesito elegância e beleza física existe concordância entre as pessoas, e é isso que é interessante na vida.
É impossível ter tudo em todos os aspectos na vida, ou você aprende a conviver com o que você não aceita em si, ou você aprende a relevar suas fraquezas e a tentar de forma saudável superá-las, sejam físicas ou morais, ou, é certo que terminará louca e infeliz. O descontentamento é um vício, um mau hábito dos tempos modernos, onde você pode “corrigir” algo que considera um defeito, mas nunca vai ser perfeito, não aos seus olhos, não fisicamente.
Triste é saber que pessoas de alma imunda se acham excelentes enquanto “seres humanos” superestimam, pois sua moral, seu espírito, sua sabedoria, ou seja, a perfeição tão buscada nos corpos não é uma meta para a alma. Não gosto de ser piegas, mas serei: No “final das contas” é só ela quem vale (a beleza da alma), é só ela que fará você ser melhor que alguém e não a sua bunda avantajada e dura, seu abdômen sarado, seu sorriso perfeito ou seus lindos olhos verdes.

Wonderland, 14 de agosto de 2010.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Àqueles que desconfiam de mim.

Àqueles que desconfiam de mim.

Apesar da aparência frágil e sensível apenas uma coisa consegue me tirar do sério e me afastar das pessoas, inclusive das que amo: A desconfiança que, para mim, é a forma mais sórdida, mas grotesca e esdrúxula de desrespeito, e, porque não dizer, de desprezo.
Aquele que desconfia de mim e fica ao meu lado se dizendo amigo ou apaixonado, por exemplo, na verdade menospreza, desdenha, despreza minhas virtudes, olvida da sinceridade de minhas palavras e do brilho límpido dos meus olhos (típico dos sinceros e puros) quando falo.
O que eu deixo para àqueles que desconfiam de mim? Meu silêncio, apenas. Superei a fase da imaturidade, a fase em que tínhamos a vã certeza de que devíamos expor nossas idéias, elucidar nossos atos e justificando-os convencer aos outros da nossa inocência, virtude, honestidade ou brio.
Acho que estou amadurecendo lentamente mesmo. Devagar e sempre, claro. Não me importo em nada com o julgamento alheio e nem perco meu tempo me justificando para quem tenta ver maldade ou algum “equivoco” em meus atos. Certo é que os bons presumem o bem dos outros, os maus, pelo contrário, sempre o mau, como diria o Marquês de Maricá, “uns e outros dão o que tem”.
Se você quer achar que eu sou louca, que eu sou capaz de ludibriar alguém, de ser desonesta, se você é capaz de achar que meus atos podem ser falsos ou sórdidos, meus parabéns! Você realmente é capaz disso tudo, do contrário não julgaria sem respaldo fático e moral algum uma pessoa que nada tem haver com a sua vida e com os problemas que, bem ou mal (reconheça!) você mesmo criou.
Eu sou eu mesma e aprendi a usar o silêncio em prol da minha paz. Ninguém que me julga mal precisa ouvir minha voz fininha irritando seus ouvidos de “donos da razão”, de pessoas capazes de julgar e desconfiar do outro simplesmente por desconhecerem suas virtudes ou, ao menos, por não desejar reconhecê-las.
Desconfie, sinta-se à vontade, e tenha a certeza que eu nada farei para contrariá-lo ou “defender-me”. Eu tenho a crença de que alguém lá em cima vê tudo e é por isso que algumas pessoas sofrem muito mais que outras. Este Alguém lá do infinito desvela seus pensamentos, além de seus atos e é por isso que apenas Ele pode julgar. E julga certo sempre. É isso que me alenta e que cala minha boca diante de injúrias, ofensas e desconfianças imbecis.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 10 de agosto de 2010
.

sábado, 7 de agosto de 2010

Intensidade

Intensidade

Eu gosto de tudo que é intenso. Tudo o que me envolve e tudo o que eu envolvo é sempre muito intenso, não acho graça em nada que seja superficial ou “meio superficial’, ou é inteiro e intenso ou, para mim, simplesmente não é.
Nada na minha vida se mede ou se mensura em anos, minutos ou em qualquer forma que os humanos inventaram de medir o tempo e sua passagem, mas em intensidade, em calor, em energia.
Não consigo nem nunca consegui ficar com alguém por um mínimo de tempo a mais do que o que meu coração mandou, jamais consegui olhar nos olhos de alguém e dizer o que eu não sentia, e também jamais consegui “fazer de conta” e viver em paz de verdade sem poder expressar para minha alma os sentimentos por trás de minhas negações, projeções, racionalizações e quaisquer outras formas de agir da mente que Freud explica melhor que eu.
Não consigo fazer nada se minha vontade não estiver exaltada, se minha alma não estiver excitada, entusiasmada. Quando meu desejo se acende tudo fica belo, fácil, simples, gostoso, intenso, é claro. A minha intensidade provém da minha simplicidade. Entrego-me a vida porque a amo, e faço apenas o que amo e com quem amo, ou, ao menos penso que amo.
É obvio que pessoas intensas são perigosas. Não nego, pelo contrário, afirmo. Na intensidade dos momentos, grandiosos ou simples nos entregamos, curtimos, gozamos ao máximo, mas os momentos podem passar e nossos sentimentos mudar e o do outro não. Pessoas intensas magoam, de regra sem querer.
Os intensos não são normais neste mundo de superficialidades, de relações frívolas, de entrega com motivo pré-estabelecido onde fala mais a voz das necessidades físicas (ou fisiológicas) e dos interesses do que a da alma, do coração. Do coração quente, porque hoje em dia os corações andam frios e de almas que vivem no triste vácuo da solidão e da carência.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 07 de agosto de 2010.


quinta-feira, 5 de agosto de 2010

De perto ninguém é normal.

De perto ninguém é normal.

Dizem que de perto ninguém é normal. Em minha opinião, de perto, ninguém é realmente bom ou ruim, racional ou emocional, sutil ou grosseiro, de perto todo ser humano é único, é um imenso todo dentro de um pequeno nada no mundo. De perto a pessoa deve ser especial, o que certamente é anormal se comparado com a maioria.
Somos pequenos se comparados com a imensidão do mundo, com a magnitude da natureza e de todas as dádivas da vida, mas somos grandiosos se nossas virtudes, se nossa mente, se nosso espírito e coração, únicos e ímpares forem valorizados.
Sou certamente uma pessoa que adora se relacionar, que ouve do simplório trabalhador ao mais culto dos mestres com a mesma intenção. Eu aprendi que de perto todos são dádivas, cada um com sua história, com seu passado, com suas dores, com suas vivências.
Não é o dinheiro, nem a beleza, nem o sorriso, nem o corpo perfeito, nem a cultura exacerbada que faz com que uma pessoa seja realmente boa ou valorosa, mas, isto sim, sua autenticidade, sinceridade e educação.
De perto ninguém é normal justamente porque o normal é questionável. O normal é o que os outros esperam de você, o normal é ser adequado ao que desejam de você, e, lamento, você pode ser muito melhor, muito mais especial e raro do que o normal. São os anormais, na verdade que me interessam, o resto, bem, o resto, para mim é apenas o resto.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 05 de agosto de 2010