Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Respeito

Respeito

Não basta apenas amar, querer bem ou admirar o outro, sentimentos internalizados existem apenas para quem os sente, e do que importa você saber de seus doces sentimentos se o outro que precisa deles para nutrir-se e animar-se não os ouve?
Desça do pedestal, tire seu coração da posição de pico do universo, dê mais carinho, dê mais amor, através da única forma real e divinamente humana de expressá-lo: Respeitando ao outro. Respeitando suas fraquezas, suas limitações e valorizando o seu lado bom, digno e cheio de brio.
Saiba que existem momentos certos para falar tudo, menos para dizer que se ama, um “eu te amo” cai bem na fila do restaurante, no “cachorrão” da esquina, no carro, na cama, cortando a unha do pé. Os “eu te amo” nunca são demais, ser gentil, carinhoso e cordial nunca é exagero, ao menos quando as virtudes não são forjadas, é claro.
Por outro lado existem coisas que, mesmo sendo verdadeiras jamais devem ser ditas, pela questão do respeito. Sinceridade é uma coisa, ser sincero é ser educado, ser bruto com as palavras é coisa de aborígine.Venho falar em prol do carinho, do amor e sua melhor forma de manifestação que se chama respeito: Não quer que teu marido grite ou te repreenda em público? Não faça o mesmo com ela, não quer ser chamado de “corno” não traia, jogue limpo! Não quer que seu filho lhe dê de ombros e vire as costas, o escute e não faça o mesmo quando ele quer lhe mostrar o lindo desenho que fez na escola. Esse é o segredo para uma sociedade harmônica.
Eu te respeito, te adoro, te admiro, te amo, e manifesto isso. Às vezes você pode me irritar, me causar raiva, mas se eu pensar 10 vezes deixarei de dizer algo que lhe trará, no mínimo 10 dias de péssimas energias na sua vida, e talvez gere menos de 10 mil lágrimas nos seus olhos. Respeito, vamos passar adiante no ano que se inicia.

Cláudia de Marchi Pagnussat.

Marau, 30 de dezembro de 2009.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Conhecer e respeitar ao outro.

Conhecer e respeitar ao outro.

Quando eu era criança sempre ouvia minha avó dizer para minhas tias e para minha própria mãe: “A mulher precisa conhecer o homem que tem.” Minha avó que hoje tem 84 anos não estava desprovida de razão, todavia apenas a mulher não deve conhecer o marido que tem, ele também precisa conhecer sua esposa.
Mas, o que afinal ela queria dizer com “conhecer”? Conhecer significa saber o gênio e o temperamento do outro, o que lhe dá ojeriza, o que lhe agrada, o que lhe deprime, o que lhe exalta o ânimo, o que lhe irrita, o que lhe da paz. Para tanto é preciso saber usar muito bem a mente, e obviamente a língua.
Todavia, quem disse que apenas a mulher deve conhecer o seu parceiro? Conhecer o outro e, principalmente respeita-lo é mais do que uma obrigação é uma premissa básica em qualquer relacionamento. Se você sabe que seu marido não gosta de ser tratado com frieza ou repreendido em público (aliás, dou um anel de brilhantes para quem gostar disso), por que o fazes?
Precisamos conhecer nossos parceiros e respeitar seu gênio, sua sensibilidade, sua forma de ser e de sentir a vida e seus acontecimentos, sua forma de interpretar palavras, gestos e atitudes.
Cometer uma gafe e magoar o outro por fazer ou falar algo que lhe desagrada é perdoável, mas repetir freqüentemente a mesma conduta, humilhando e ferindo o outro é um passo para o desamor e para que nasça o caos ao invés da alegria e comunhão no relacionamento. O respeito é, pois irmão siamês do amor.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 23 de dezembro de 2009.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Gente mal humorada.

Gente mal humorada.

A cada ano que passa a vida da gente fica mais corrida: Aumentam as responsabilidades, a busca por uma remuneração justa e condizente com nosso esforço, a superação de fatos insolúveis que nos causam pesar, as mudanças em nossa vida que, ainda que sejam para melhor, nos causam um certo abatimento emocional, enfim, chega ao final de mais um ano e nossa tolerância baixa, enquanto aumenta nossa esperança. Esperança de que no próximo ano tudo se alivie, embora, para mim tudo se alivia num gostoso banho de mar, mas, enquanto não chega o veraneio o solzinho regenera minhas energias.
Creio que não seja eu apenas, mas falo por mim: Gente mal humorada é terrível Faz de uma gota d´água uma enchente, de um comentário uma ofensa, busca (ainda que sem querer) motivos para discutir, pois qualquer mísero fato é motivo para alterar o tom de voz com o outro. Se Friedrich Nietzsche afirmou que gargalhar assemelha os homens a animais relinchando, uma pessoa que altera o tom de voz reclamando e se queixando de algo fica parecendo não apenas um bicho, mas um sujeito abominável, desses demônios que a gente vê em filmes no melhor estilo do clássico "O Exorcista".
A questão é a seguinte: Ergueu a voz, perdeu a razão. O tom de voz alto, a reclamação de um feito na frente de outros humilha e maltrata, é desumano, é um ato vil e desprovido de compaixão, afinal, quem quer ser vítima da ira alheia em público? Qual o empregado ou colega de trabalho deseja ser xingado em público? Qual o marido que gosta de ser repreendido pela esposa na frente de outras pessoas? Provavelmente ninguém, ao menos que exista algum masoquista por ai.
Bem ou mal, todas as pessoas agem tentando acertar e não é com gritos humilhantes que elas irão aprender alguma coisa, pelo contrário, isso só leva ao desamor, ao acúmulo de mágoas que arrasa com qualquer sentimento. Ter paciência é fundamental, paciência com todos. Não existem justificativas para o mau humor. Não dormiu de noite, esta cansado, não relaxou à noite? Azar, durma de dia e deixe os outros trabalharem em paz. Esta com dor de cabeça, dor na perna, dor no joelho, dor na alma? O problema é seu e nenhum ser humano no mundo é obrigado a enfrentar sua ranzinice sem que tenha lhe dado causa.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 22 de dezembro de 2009.

Intrigas no trabalho.

Intrigas no trabalho.

Tem gente por ai que não consegue se mostrar bem, que não consegue demonstrar que é bom, pelo simples fato de sê-lo, e vive tentando diminuir, tripudiar e criticar os outros como se esses fossem degraus de uma escada que lhes levam a um novo “status” social.
É por isso que o mundo é cheio de traições, lidando com seres humanos numa empresa a gente começa a perceber os artifícios dos quais os intelectualmente menos privilegiados fazem uso para “parecerem” bem aos olhos do “patrão”.
Mas apenas pessoas muito pouco experientes, muito tolas não percebem que a inveja reina entre pessoas que estão próximas no local de trabalho. A faxineira nunca terá inveja da executiva presidente de uma companhia, todavia entre ela e suas colegas, entre ela e a cozinheira, existirão muitos “tititis”.
É entre os colegas de trabalho que mais convivem que a inveja aparece solta: Na primeira oportunidade um chega até o chefe jogando pedra no telhado alheio. Pode sua função ser mal e parcamente cumprida, para ele o fato é que o outro “vive dando mancadas”.
O ser humano é cômico. Analisar o homem e suas fraquezas, seus artifícios vis e tolos de se mostrar melhor do que o outro faz até um infante dar risada. Se cada um cuidasse do seu papel, se esforçasse para ser o melhor que pode ser, ao invés de intrigas tragicômicas teríamos trabalhadores mais produtivos e, quiçá, mais bem remunerados e valorizados. Deixemos as fofoquinhas e as intrigas para as crianças que, se educadas por pais de bom caráter certamente deixarão esses atos no seu passado.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 21 de novembro de 2009.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

2009:Perdas e ganhos.


2009: Perdas e ganhos.

Chega ao final o ano de 2009. Ano maravilhoso, cheio de surpresas, de boas novas, de mudanças, mas também cheio de riscos superados, de perdas, de partidas, de risos e de lágrimas.
Ano em que começamos trilhando uma estrada e, de repente mudamos de rumo. Ano em que rompemos laços fortes, mas tornamos real e verdadeiro em nossa vida o significado da palavra amor, liberdade e coragem.
Ano em que pais sofreram a maior de todas as dores: A de enterrar um filho. Ano em que filhos sentiram o maior vazio que o coração pode sentir: O de perder sua mãe. Ano em que muita gente perdeu o chão, mas ao mesmo tempo ganhou o céu caracterizado como aquele “um pouco a mais” de fé, de sapiência e esperança que brota no coração de todos que crêem que existe algo além de nosso arbítrio regendo nossa vida.
Todavia, 2009 não se encerra com missões cumpridas, não para os que estão vivos para começar 2010 com dez mil sonhos para realizar. A missão da gente não termina porque estamos educando bem nossos filhos, porque nosso saldo bancário esta positivo, porque demos apoio para quem necessita, porque nosso casamento esta cheio em alegria.
A missão do homem começa com a dádiva da vida e finda, apenas com o descanso (misterioso) chamado morte, e entre um e outro as perdas e os ganhos são inúmeros, basta estar atento, afinal, não existe escolha sem renúncia, nem perda sem algum ganho, ainda que seja de maturidade e sabedoria, atributos que constroem uma alma forte.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 12 de dezembro de 2009.

In memoriam Maria da Graça Marcondes Dal Piva, minha prima adorada. Força Roberta, Renata, Rafael e Olvide, a missão de vocês continua. Força sempre!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

As manipuladoras e o casamento.


As manipuladoras e o casamento.

Voltei à fase de leitora contumaz apesar de conviver 24 horas por dia com meu marido, nos momentos de folga (quando estou na bicicleta ergométrica, sozinha na banheira, ou quando ele viaja) puxo um livrinho para me fazer companhia.
Adquiri várias obras do Osho, e outras mais complexas, todavia uma aquisição da qual não me arrependo de ter feito é o livro “Porque os homens se casam com as manipuladoras”, não porque tenha gostado do que li, mas pela imensa carga de asneiras que a autora trás em seu pseudo manual que se resume em: “Arranje um marido se fazendo”.
Segundo ela as mulheres têm em mente unicamente casar e ter filhos e demonstram isso para os homens, assustando-lhes, obviamente. Então ela resolveu escrever uma obra afirmando que os homens gostam daquelas que lhes manipulam, das que demonstram distância quando querem aproximação, das que dizem não quando querem dizer sim, porque, segundo ela as mulheres devem ser misteriosas para seus pretendentes. (Se essa tese fosse verídica nenhum casamento duraria mais do que 12 meses).
Trata-se de uma espécie de livro de auto-ajuda para casamenteiras desesperadas que afirma que apenas as mulheres que conseguem manter a razão acima da emoção conseguem se casar. Transar num primeiro encontro? Jamais. Enfim, uma série de argumentos que caem por terra quando duas pessoas realmente se apaixonam e são maduras para assumir um relacionamento sério.
Não é preciso maltratar um homem para tê-lo aos seus pés. Na verdade não é preciso conter seus instintos e desejos para fazer um homem se apaixonar pela “manipuladora” que você não é. Aliás, que homem, ou melhor, que pessoa não gosta de um ser independente, dono de si mesmo, meigo e espontâneo? Quem gostaria de se unir a um ser robótico que “armou” circunstâncias para lhe cativar? Todavia, não deixo de recomendar o livro, porque também é preciso ler tolices para se construir boas idéias.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 08 de dezembro de 2009.

O bom da nossa história.

O bom da nossa história.

Como é bom construir uma história, como é bom saber que demos alegria com sinceridade, que transmitimos força para quem estimamos no momento em que ele precisava, que demos amor e carinho para quem nos deu amor e o prazer de sua companhia. Nossa história pode não ser inserida em livro algum, mas não por isso deixa de ser especial.
Aliás, a nossa história é especial porque é nossa, porque nenhuma outra pessoa no mundo sentiu o prazer que sentimos, ninguém se entregou como nós a um momento extraordinário, ninguém se doou, ninguém se frustrou e sentiu dor como nós, ninguém viveu o que vivemos sejam os mais nobres sentimentos que sentimos, sejam os mais dolorosos.
Cada um constrói a sua história, e assim como refletimos sobre a nossa história de vida às vezes podemos nos dar ao vão trabalho de pensar e julgar a história de quem passou por nós. Todavia, se é verdade que só nós sabemos o que de fato sentimos, é, também verdade que apenas o outro sabe o que de fato se passou em sua mente, em seu coração, e o porque agiu desta ou daquela maneira.
Sei que é bom ter vivido bons momentos na vida. Ter sido julgada como mocinha, como vilã, como leal, como vingativa, mas, principalmente, ter sido o melhor que eu poderia no momento em que vivia, que, apesar dos pesares, sempre foram inquinados de grande ingenuidade. É bom saber que no final de cada ano tenho uma gavetinha cheia de aprendizado guardada no mais profundo de meu coração. Sempre tem algo do qual nos orgulhamos, algo do qual podemos nos arrepender, mas o bom é saber que no final podemos brindar por termos sido sinceros e feito o bem para quem nos cerca, e caso tenhamos magoado alguém, que tenha sido sem querer como aconteceu com aquela taça cristal linda que quebramos na ânsia pela festa.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 04 de dezembro de 2009.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A confiança na vida.

A confiança na vida.

A vida da gente não se cinge as perdas e ganhos que nela obtemos, afinal, sempre que perdemos alguma coisa, acabamos ganhando outra, mesmo que não seja aquilo que desejávamos. Conseguimos, pois descobrir novas paisagens, novos caminhos e, enfim, aprendemos uma nova forma de ver o mundo.
Não resta mais nada para quem quer ser feliz do que ter esperança, fé e confiança em si mesmo. Confiança de que, apesar do lago de lágrimas quentes derramadas, existe um oceano de felicidade lhe cobrando um belo e refrescante mergulho.Todavia, queiramos ou não, para cada escolha existem renúncias. E se você tivesse optado por medicina e não odontologia? E se tivesse deixado teu namoradinho de 15 anos para ir estudar inglês em Londres? E se você, cansada, dispensasse o companheiro preguiçoso? E se tivesse optado por casar com aquela outra que era apaixonada por você?
Poderia, certamente ter dado outro rumo a sua vida, afinal ela é construída por nossas escolhas, mas opções são pessoais e nenhuma pode ser considerada errada. Ninguém opta por este ou por aquele caminho pensando em ser frustrado ou infeliz, e é ai que entra o orgulho pessoal: Porque chorar, e lamentar se você tomou as decisões que acreditava serem certas? Se as escolheu de coração aberto?
Não falo daquele orgulho ligado à empáfia e a arrogância, mas orgulho do que se viveu, do que se foi na vida, do sincero amor dado e recebido, das boas marcas que deixou na vida de muitas pessoas, e pelo perdão dado à quem magoou. Orgulho de ter vivido sendo bondoso é algo que nem a morte apagará.
Portanto nunca paute sua auto estima em sua beleza, em seu belo corpo, em seu sucesso profissional e no dinheiro que afere. Tudo isso pode passar, pode mudar, pode sumir, pode te ser tirado de um instante para o outro, mas a alegria de viver e compreender a vida sem lamentos e auto piedade não podem ser destruídos nunca e fazem de seus donos pessoas de alma forte, apesar de sensível.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 30 de novembro de 2009.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Inércia pública.

Inércia pública.

Você pensa na lei penal e o que seria interessante para sua melhora. Você pensa na situação das rodovias do País, pensa nos acidentes que ocorrem com freqüência devido ao seu (mau) estado e nas possíveis soluções para esses problemas. Pensa num hospital público lotado e na situação das pessoas dependentes do sistema único de saúde. Pensa no aumento do número de jovens que se viciam em drogas, estragando sua própria vida e a de sua família. Todavia, existem possíveis soluções e possibilidades para a melhoria de muita coisa na sociedade brasileira, mas isso só costuma ocorrer quando os ricos, famosos ou donos de certo "status" social reivindicam.
A lei não muda porque um pobre foi assassinado, a lei não muda porque a filha de um desabonado foi jogada do 3º andar de um cortiço pela madrasta desequilibrada, o Governo não vai se mexer em prol de melhorias nas rodovias enquanto caminhoneiros e pessoas pobres, sem fama e sem status continuarem morrendo nelas, da mesma forma não vai dar subsídios para a saúde enquanto um milionário não for confundido com um pobre e morrer na emergência de algum hospital.
A população se mobiliza, se choca, quando é o filho do rico que se torna marginal, pobre é normal ser marginal, aliás, ele deve ser: Está a margem de tudo o que é digno, logo de "tudo" se pode esperar dele. As leis mudam quando a classe média privilegiada e a minoria rica são vitimadas por algum infortúnio, o Brasil anda, muda e se move quando é a classe alta quem se prejudica e quem grita, o pobre pode gritar, mas não costuma ser ouvido.
Pobres morrem todos os dias em acidentes de carro, com balas perdidas. O crack até pouco tempo era o entorpecente dos desabonados, agora esta virando vício dos ricos. Agora o consumo do crack se tornou preocupante. Até os atos desaprováveis são mais focados pela mídia quando alguém com status os comete: Acidente com encachaçado dirigindo uma Passat 89 em alta velocidade atropelando filho de operário não dá ibope, não mexe com os nervos do povo, mas filho de político, professor universitário, médico, candidato a cargo público embriagado com whisky caro, dirigindo carro importado quando acaba atropelando alguém se torna notícia em toda imprensa nacional.
E você continua a pensar na solução dos problemas da Nação. Brasileiro é paciente, brasileiro não desiste fácil de nada, mas não cansa de ter preconceitos. De repente a solução seja focar a expectativa em quem vai ser a próxima vítima dos problemas que podem nos preocupar, dependendo da situação, se for alguém da alta classe você pode respirar mais aliviado: Em breve aqueles que devem agir na defesa de todos irão agir, nem que seja manifestando concordância e dando apoio, porque o povo se contenta com mensagens e palavras bonitas vez que é acostumado com a inércia de quem elegeu. Cada povo, porém tem o governo que merece.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 27 de novembro de 2009.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Hábito de perfeição

Hábito de perfeição

Nada no mundo pode ser tão exaustivo e triste quanto a obrigação que algumas pessoas conseguem impor às outras de tomarem atitudes "perfeitas", conforme, é claro, o seu ideal de perfeição. O outro não deve cometer erros, e se faze-lo devem ser mínimos, praticamente imperceptíveis, ele pode acertar quase sempre, mas quando erra sempre seus erros são comentados, criticados enquanto dos acertos nenhum comentário benévolo se faz.
Pessoas assim, que exigem demais dos outros normalmente exigem demais da vida e de si mesmos, são pessoas que carregam, por algum motivo um descontentamento interior o que lhes faz ter pouca paciência com o que venha do exterior em seu descontento. Pessoas perfeccionistas são aquelas que vivem contrariadas com a vida (afinal, nela nada há de perfeito, com exceção de um sentimento chamado amor) procurando uma realidade inexistente no mundo.
Podem ter saúde, beleza, conforto, amor, carinho, respeito dos amigos, vivem atrás de algo que lhes falta, não se sentem em paz com o que possuem nem com quem são, nada, pois pode lhes contentar por completo, então elas não vêem, ou melhor, vêem e não valorizam o que o outro faz de bom, ou pelo menos o esforço alheio para ser bom, útil ou prestativo, todavia quando ele falha parece que a circunstância que lhe desagrada tem o efeito reverso de lhe contentar: Eles se animam a falar, a reclamar. Reclamar muito.
Quem exige demais do outro é humano, e, portanto imperfeito, logo o fato de ver que o outro também erra pode até lhe irritar, mas lhe faz sentir bem porque ele não se sente só: Não é apenas ele o errante no mundo, afinal, para quem exige que tudo seja reto e correto é confortante perceber que o outro também erra. Tudo isso é culpa de uma forma de educação que cobra que a pessoa seja a melhor, a mais inteligente, a mais honesta, a mais preparada, a mais bela, aquela que esta acima de todos, o que acaba gerando o hábito da comparação, o que além do perfeccionismo pode gerar a tosca inveja ou o fútil auto-convencimento.
Se todos compreendessem que de nada se pode exigir perfeição, menos ainda de si mesmos e de seus filhos, se todos compreendessem que ser exigente não significa ser paranóico ou grosseiro e que para levar o outro ao acerto é preciso ter paciência e carinho para ensinar e instruir, se todos se importassem com o que são e não apenas com o melhor que poderiam ser o mundo seria habitado por pessoas mais tranqüilas e felizes, logo mais perto da perfeição e da liberdade psíquica neste mundo tão imperfeito.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 20 de novembro de 2009.

domingo, 15 de novembro de 2009

Os dois abaixo são de maio de 2008;

“Teu passado te condena.”

O passado não volta, todavia ele é uma parte do homem que não pode ser apagada, pois atesta quem um dia ele foi, sendo fundamental para que ele tenha plena certeza de quem se transformou. Do passado o homem sapiente afere aprendizado. Tristes são os que lamentam seu passado, olvidando o bem que dele podem tirar.
O homem é, no presente, o resultado de suas experiências pretéritas. “Teu passado te condena”, diz a frase com fundo de comicidade. Na verdade o passado condena qualquer pessoa que queira, no presente, omitir os erros, mancadas, enganos, tropeços e atos do ontem por deles não se orgulhar.
Porém, de nada adianta ter vergonha do que se fez. Certo ou errado, bonito ou feio, imoral ou não, glorioso ou banal, rico ou pobre, vazio ou cheio, feliz ou infeliz, fugaz ou rígido, leve ou preso, conturbado ou calmo, o passado existe no pensamento de quem viveu. De nada adianta o arrependimento, o que passou tem que servir de aprendizado sobre o que se fazer ou não no amanha e de como melhor se viver o presente.
Fugir das lembranças é a melhor forma de fazer o passado surgir com os mesmos erros, no presente. Quanto mais tenta escapar, mais dele o homem se aproxima, porque só tenta fugir do que se teme, e só o que tem alguma importância para ele pode fazê-lo temer.
Assimilar o ontem, compreender as circunstâncias da vida em tal momento e própria alma pelo “não muito” que sabia e o “melhor” de si que era dado quando não tinha consciência de que, no presente, seria julgado “pouco” é a mais sábia forma de raciocinar sobre as experiências tidas na vida.
Afinal, se hoje sabe mais, pensa diferente e age de forma diversa é porque o ser humano cruzou a estrada do ontem, para pousar no presente e, quem sabe, chegar num rumo ainda mais diverso no amanha.

Cláudia de Marchi

Marau, 20 de maio de 2008.

Seguem dois antigos do mês de maio de 2008...

Sem enfeites verbais.

Em tempos de amizades virtuais, em que nos comunicamos mais por e-mail, “scraps” e afins do que pessoalmente algumas palavras se tornam “chavão” para criar uma pseudointimidade, é o tal de “amiga”, “querida”. Acho assustador ser chamada de amiga por uma vendedora, por uma desconhecida encontrada num banheiro de bar, por exemplo.
Em tempos de liberdade sexual e relacionamentos mais fugazes e sem sentimento do que um esbarrão num desconhecido em liquidação de loja popular, outras palavras tentam criar profundidade para o que foi é e sempre terá o mesmo significado: O sexo, enfeitado pelo tal “fazer amor”.
Nem minha melhor amiga me chama de “amiga”. Não faço amor com meu marido. Faço sexo mesmo, amor a gente sente, sexo a gente curte, devassa, extravasa entre quatro paredes. Sexo com amor? Ah, isso é incomparável, felizes os que podem tê-lo diariamente. Mas, “fazer amor”? Com licença, muito piegas, extremamente brega uma expressão que tenta dizer que a boa e velha sacanagem é a realização de um sentimento.
A gente não faz amor nem com que a gente ama. Sexo é realidade, pele, sacanagem, tesão, fogo, química perfeita, conjunção de lábios, braços, pele, suspiros, gemidos e aquele “que” pessoal que cada um tem na hora do prazer, coisas que não se fala por ai, sexo bom é o indiscreto, o bem feito a dois. Amor é sentimento, é dádiva divina, é um tudo neste mundo em que as relações entre sexos opostos (e entre os iguais também) estão se tornando “nadas” com nomes variados: “Eu fiquei”, “eu sai”, “eu peguei”.
Não precisa enfeites para definir o sexo, nem substantivos e adjetivos alheios à relação para buscar proximidade. Cliente é cliente, freguês é freguês, conhecido é conhecido, e amigo é amigo. Não precisa “querido”, “meu caro”, “amado”, “amigo”, “gatinho” para tentar uma intimidade inexistente. Sem hipocrisia, cada um na sua, com respeito, sem palavrinhas de “puxa-saco”.
Adornos verbais demais deixam qualquer coisa cafona, brega, tira a graça da roupa mais cara, mais bela, mais chique. O que é bonito e sincero não requer outros enfeites. Relações profissionais, superficiais existem e sempre existirão, não há necessidade de inserir palavras para “aproximar”.
Amor entre um casal na cama e fora dela é o ideal, mas, tanto os que se amam quanto os que não se amam, entre quatro paredes fazem o bom e velho sexo. Tentar enfeitar o perfeito gozo carnal com um sentimento que se goza na alma é ridicularizar o que é bom e o que é belo e, portanto, dispensa outras adornos verbais.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 23 de maio de 2008

sábado, 14 de novembro de 2009

Administrando o humor.

Administrando o humor.

Sabe aqueles dias em que você acorda desanimado, cansado, dias em que a menor contrariedade surte um efeito psíquico bélico? Esses são dias em que nosso humor varia do ruim ao péssimo e é normalmente durante o seu curso que nos tornamos farpas ambulantes ferindo aqueles que convivem conosco, quer lhes cutuquemos com palavras, quer lhes desrespeitando de outra forma, muitas vezes sem querer e sem perceber que pequenos arranhões às vezes ardem mais do que grandes cortes.
Quando estamos mal humorados desenvolvemos também a "síndrome de Rei": Achamos que o mundo tem que entender porque estamos reclamando das coisas, que o mundo tem que compreender nosso nervosismo e, enfim, que todos devem se calar diante de nossa chatice. Sim, porque não existe adjetivo melhor para um mal humorado do que o de chato.
Em dias de mau humor, dos quais ninguém esta livre ter e se tornar um "chato momentâneo", nada esta bom, tudo o que merece valor é ignorado: O dia bonito, o afeto da mãe, a preocupação do pai, a boa vontade do esposo, a dedicação do empregado, são dias em que, certamente qualquer pessoa preferiria se trancar num quarto com quatro cães e receber o afeto dos bichos do que conviver com quem expande para o mundo o seu "azedume", inclusive através de patadas.
"Azedume" era como minha tia se referia ao meu humor quando estava sem dormir e ficava mal humoradinha na infância, ficava azeda, “reclamona”, grosseira, como são todos os mal humorados que acabam azedando a doce vida de quem lhes cerca. Mas, nada como um dia após o outro para aprendermos que não adianta nos deixarmos abater pelo humor ruim. Gritarmos, reclamarmos de tudo e de todos, de nada adianta vez que a vida não vai se adequar à nossas expectativas, os problemas, que prefiro chamar de desafios, não irão se resolver, pelo contrário, quanto menos humor tivermos menos alegrias iremos atrair para nossa existência. Aliás, se reclamar adiantasse bastaria que nos sentássemos num sofá confortável e começássemos a contar nossas mazelas, porém se formos num hospital, num bairro pobre, perceberemos que os mais necessitados são, muitas vezes, mais equilibrados que nós: Pouco reclamam, poucos maldizem aos Deuses de suas crenças e sorriem muitas vezes mais do que aqueles que são abastados de dinheiro e saúde e pobres de alma e saúde espiritual.
Se quando criança tive dias de "azedume" aprendi que o sorriso faz milagres, que ter fé eleva nosso ânimo e que ser contente com o que somos e com o que escolhemos para nós - por mais difícil que às vezes possa nos parecer, - nos torna alegres e imunes ao mau humor. Quando a gente fecha a cara pra vida ela e todos que nos cercam fecharão as suas para nós, mas quando a gente sorri o universo passa a conspirar a nosso favor e, assim, cativamos quem nos cerca e, principalmente, nos tornamos admiráveis pela boa energia que transmitimos e não pela nossa chatice contumaz.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 14 de novembro de 2009.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Silêncio abençoado.

Silêncio abençoado.

Conversar é bom, interagir, ouvir o outro e sua forma de sentir e pensar, interagir, independente da existência de concordância, todavia, falar, apenas, não é nenhuma dádiva, pelo contrário, pode se tornar algo muito perigoso, por melhor que seja nossa sensação após um belo desabafo. Falar só é bom quando o outro esta disposto a ouvir e, principalmente, a respeitar nossas idéias ainda que sejam contrárias as suas.
Foi por estes e outros motivos que me tornei fã do silêncio. De que adianta falar se o outro vai ignorar, ou, pior se vai sentir seu ego ferido e causar uma discussão? Porque dizer o que pensamos se a outra pessoa não esta preparada para ouvir nada que lhe contrarie e vai se colocar na posição de vítima e de ofendida, nos sujeitando a um escândalo e colocando o resto de nossa paciência à prova? Silenciar, orar, fechar os olhos, relaxar, tomar um bom banho, degustar um belo sorvete ou chocolate, deitar e quiçá dormir são os melhores formas de conter as palavras iracundas que amargam nossa garganta.
Insistir em dar nossa opinião, em dizer que as coisas podem ser desta ou daquela maneira para quem teima em agir de outra forma é uma atitude praticamente tão estúpida quanto a do teimoso. O teimoso é ignorante, não podemos nos igualar a ele. Se ele acha que tudo que faz é perfeito, que suas idéias são as melhores e que ele é praticamente infalível em tudo o que faz não serão nossas humildes e pessoais idéias que irão muda-lo, e outra: Para que tentar mudar alguém?
Vamos silenciar, poupar nossa pele, dificultar o surgimento das irritantes olheiras, aprender a dar de ombros para a grossura e ignorâncias alheias e deixar que eles aprendam a viver, a ser cordiais e amorosos sozinhos e, caso não aprendam, o azar é de quem? Deles! Vamos nos preocupar com os sorrisos que podemos dar, com a beleza que nossa alma pode irradiar, com os momentos alegres que somente pessoas de espírito leve podem ter e com tudo o que a vida tem para nos ensinar, afinal não somos professores de ninguém, somos mestres, isto sim, de nossa própria história.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 12 de dezembro de 2009.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Quando se ama.

Quando se ama.

Se você tem a dádiva de amar a ágüem cuide de seu coração. Compreenda, respeite, sinta sua sensibilidade, sua doçura veja o bom agouro por trás da atitude atabalhoada, vá além, interprete seus atos de amor, seus atos típicos do coração.
Como todos, nem o ser mais imerso em amor neste mundo é incapaz de falhar, todavia jamais errará querendo, jamais cometerá um equivoco com a intenção de fazê-lo, por maior que seja seu lapso.
Amar, pois, significa compreender, respeitar, significa dar flores e não apedrejar significa entender o outro e dar-lhe um fraterno abraço ao invés de esbravejar e deixar a irracional brutalidade prevalecer.
Age com brutalidade o homem que se faz indigno do amor que merece e aquele que mente que dá. Quem ama coloca-se no lugar do outro e, portanto, jamais é capaz de gritar, esbravejar e ser grosseiro com aquele que lhe devota olhares ternos e apaixonados. Com aquele lhe que além de lhe respeitar, lhe admira.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 10 de novembro de 2009.

Dignos de pena

Dignos de pena

Você tem o direito de sentir raiva. De sentir muita raiva. Você tem o direito de ficar bravo, quase como um cão raivoso, todavia, ao contrário dos cães você tem que aprender a lidar com sua ira, com sua raiva e brabeza.
O principal caminho é entender que nem mesmo aquele que causa tal sentimento em você merece ser desprezado, merece receber o troco na mesma moeda. Seu dever enquanto ser humano é aprender a lidar com as suas fraquezas incluída a ira que se manifesta através do perfeito descontrole sobre si o que transforma o homem num ser patético, digno de pena.
Fique bravo, fique com raiva, com ira, mas bata contra uma borracha, dê 4 voltas no quarteirão, pedale rápido, pare, pense, reflita, é o outro que lhe causa a raiva ou você é, naturalmente um ser descontente com a vida que tudo leva a macular seu sensível ego de quem quer ser além das perspectivas?
Errar é humano, pedir perdão é divino, mas ser raivoso é grotesco, é vil, é animalesco, ser incapaz de controlar seus próprios impulsos caracteriza o homem de seu pior adjetivo o de “pobre coitado”, vez que faz cenas insanas buscando razão e argumentos em acontecimentos passados e sem sentido algum, São, pois plenamente dignos de pena,

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 10 de novembro de 2009.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Quem estimamos e suas escolhas.

Quem estimamos e suas escolhas.

É uma mania imatura a de se importar com o que os outros pensam de nós e é uma mania estúpida e ignorante a de sonhar em nome do outro, a de desejar benesses na vida de quem não nos pertence ainda que tenhamos a dádiva de chama-los, por exemplo, de filhos. Podemos ser pais amáveis, adoráveis, mas de nada adianta ansiarmos que nossos filhos sejam os melhores em tudo, que casem com a moça mais linda e rica, que tenham o marido mais afetuoso e preocupado: As escolhas serão sempre deles e desde que sejam felizes sempre serão as suas "escolhas corretas".
A maturidade ensina que não podemos querer ser a sobrinha preferida, a nora estimada, o genro adorado, o filho admirado. Não porque não tenhamos atributos para tanto, mas porque o que consideramos virtuoso pode não ser o mesmo que aquele que nos julga considera, logo fica óbvio que o desejo de ser querido por todos é um anseio demasiado infantil.
Somos o que somos, com nossas virtudes e defeitos e, sem dúvida alguma devemos esperar amor e admiração apenas daquele com os quais venhamos, por exemplo, a nos casar porque tanto ele quanto nós tivemos oportunidades de escolha. Devemos casar conhecendo as virtudes e as fraquezas do outro nos mais variados aspectos (psíquicos, afetivos, financeiros), devemos nos unir com alguém quando estamos com os pés na realidade sem esperar um príncipe encantado ou atitudes eternamente "adequadas" aos nossos ideais apaixonados, pois, do contrário é frustração na certa. O amor verdadeiro é aquele que se exerce com liberdade, tanto no respeito ao espaço do outro como a sua forma de ser e à seus sonhos.
Da mesma forma acontece com nossos amigos, afinal nenhum relacionamento nasce por acaso, mas não é por acaso que eles permanecem: Nós escolhemos aqueles à quem atribuímos o adjetivo de "queridos" e de "companheiros", todavia se idealizarmos pessoas perfeitas e de acordo com nossos desejos íntimos certamente seremos individuos solitários: Ninguém se enquadra perfeitamente nos sonhos de ninguém, as pessoas são o que são, basta que tenhamos amor para lhes dar e respeito para aceita-las.
O que vale na vida é a premissa da liberdade e do amor: Todos são livres para viver da forma que desejam, para serem como são e agirem como querem, bem como para saberem e escolherem o que julgam ser melhor para si. Se temos amor no coração iremos expandir este sentimento através da sua maior forma de manifestação que é o respeito. Devemos ser livres em nossos sonhos sem ter a audácia de sonhar e ansiar pelo outro o que só à ele é permitido aspirar e realizar, devemos amar com liberdade e respeito entendendo que nada nem ninguém irá se adequar à nossos ideais, enfim, ou aceitamos o outro e a nós mesmos ou seremos eternos infelizes em busca da perfeição inexistente no mundo, eternos, pois seres descontentes na vida.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 09 de novembro de 2009.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Os que falam de si.

Os que falam de si.

É preciso muita maturidade para viver em interação com o mundo sem se deixar influenciar pelas opiniões alheias. Todavia, é certo que ouve mais opiniões e palpites aquele que expõe suas idéias, forma de pensar e viver na intimidade com menos ponderação, com mais freqüência, todavia certo é que se é preciso ter coragem para expor situações pessoais e intimas é preciso o dobro para ouvir os palpites alheios sem se irritar ou se "afetar" por eles.
Bom seria se as pessoas pudessem se abrir com aqueles em quem confiam e que estes limitassem sua intervenção e lhes respeitassem vez que quem compartilha vivências e experiências é porque possui a alma inocente e confia no ouvinte, logo merece ser respeitado. O fato de falar, de expor o que pensa e o que faz não significa que a pessoa esteja pedindo conselhos, muito menos que ela esteja se sujeitando a críticas e deboche.
O problema é que o mundo se acostumou a ser hipócrita: A maioria se esconde por trás de máscaras de pessoas "corretas e justas", de pessoas "muitíssimo discretas" e acima de "qualquer suspeita" para evitarem criar contato com o outro e, principalmente, por medo de serem julgadas. As pessoas aprenderam a não confiar no outro principalmente porque mal confiam em si mesmas e em sua capacidade de sustentar sua forma de pensar e de ser diversa e única.
Os indivíduos se acostumaram a viver imersos em medos e receios sendo que o pior de todos é o de assumir ser quem são e, além das atitudes é através da expressão verbal que o ser humano se expõe ao mundo, assim o homem tem medo de falar, de contar como vive intimamente porque sabe que a maioria vive fechada, silenciosa, mas sempre apta a criticar e tripudiar sendo que o seu silêncio é perigoso: Silenciam a respeito de sua intimidade mas adoram julgar, falar mal da vida alheia, se colocarem em posição superior e fornecer conselhos como se fossem velhos sábios.
Se uma pessoa tem uma forma de ser mais extrovertida, se ela fala o que a maioria hesita em dizer ou contar sobre si mesmo ela merece respeito, merece ser ouvida e não aconselhada ou criticada. Dar uma opinião diversa é saudável, todavia criticar, sarcastizar, zombar ou, o que é pior, ousar dar conselhos é desnecessário, em especial porque quem quer ser aconselhado pede a opinião do outro e não manifesta a sua aliás, geralmente, quem pede conselhos é quem se garante menos a ponto de falar muito pouco de si, só o fazendo quando precisa de uma "força moral" e, realmente de um bom conselho.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 06 de novembro de 2009.

O melhor legado

O melhor legado

Ninguém reconhece o que não conhece: As pessoas são cegas para aquilo que não percebem do ponto de vista psíquico ou afetivo. Uma pessoa gananciosa, que valoriza e superestima bens materiais e o acumulo de dinheiro sem que possua cultura ou compaixão jamais vai elogiar ou valorizar uma pessoa desprovida de bens materiais, porém de coração terno e afetuoso ou de nível cultural interessante.
Os homens têm os olhos para ver o mundo, mas suas opiniões preconcebidas lhes cegam e lhes tornam incapazes de muitos atos fazendo deles seres ignorantes de alma apesar de todos os adornos que possam colocar ao seu redor. Coitado não é o homem que não enxerga, mas aquele cuja visão e opinião são limitadas ao pouco que vê, ao pouco que apreende do mundo. Por esta e outras razões não podemos viver desejando a admiração, apreço ou valorização alheios.
Devemos viver de forma a sermos felizes conosco mesmos, a termos um salutar orgulho de nossos atos (brio), formas de ser e pensar, a sermos contentes com o que somos, sem esperar que, num mundo de tantos disparates, alguém possa nos admirar ou valorizar, em especial pelo fato de que todo ser humano é diferente entre si e o é digno de admiração para um, para outro nada significa.
É claro que existem pessoas de alma humilde que apesar de pouco conhecerem a respeito de cultura, por exemplo, admiram pessoas cultas e bem articuladas, todavia existem as pessoas pobres de espírito que podem ser muito ricas, mas continuam sendo pobres, ignorantes e, principalmente orgulhosas, pois se tornam escravas do dinheiro e só à ele valorizam, independente do outro ser bondoso, esforçado, trabalhador, bem educado, estudioso ou culto, ele não tem àquele para quem venderam suas almas: O dinheiro, o alto poder aquisitivo, que, muitas vezes nada adquire, apenas acumula bens para outras gerações cultivarem, e seguidamente se tornarem culpados por grandes e tristes desavenças. Eis que, de todos os legados o maior é o do amor, do carinho, da educação que valoriza o outro e com ele se compadece, assim como o do estudo, da cultura, do trabalho, da racional e emocional inteligência e da constante ponderação.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 05 de novembro de 2009.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Incompetência afetivo-profissional

A incompetência é algo aberrante em muitos profissionais liberais. Há poucos dias atrás precisei de um profissional da área da saúde, na verdade de dois, porém de áreas diferentes. Um deles formou-se fora da cidade, com um consultório sóbrio, sem muito luxo mostrou simpatia e humanidade extremas desde a minha primeira visita.
Passados alguns dias fui noutro profissional, de outra área quando tive um grande susto. Sim, um enorme susto e, porque não dizer: Pavor. Sai do consultório apavorada, pensando como milhares de universidades formam profissionais inaptos e o quão mal se sentem as pessoas desavisadas ao cruzarem com esse tipinho de profissional laborando (ou fingindo que o faz) por ai. Não, minha gente, o problema da incompetência desses profissionais não é culpa das instituições de ensino superior, mas isto sim, da falta de educação e de humanidade, da falta de afeto enquanto pessoa e de amor pelo trabalho e pelo seu objeto: O ser humano e seus problemas físicos, jurídicos ou psíquicos, o homem e seus anseios.
Ao precisar deste profissional cuja forma fria, estúpida e até mesmo cruel de desempenhar suas funções me apavorou eu vi quão pouco importante é o nome, o sobrenome, a formação e até mesmo a arquitetura do local de trabalho quando o assunto é desempenho profissional. Você não vai a um médico, dentista ou advogado sem que esteja com algum problema, ou, ainda que não haja nenhum, o que qualquer cidadão deseja é ser tratado com respeito, e, principalmente, com humanidade.
A população esta ficando mais exigente, profissionais ásperos, frios e grosseiros não agradam a ninguém. Queremos ser bem tratados não apenas porque estamos pagando, mas porque somos gente, seres humanos, independente de nossa beleza, altura, elegância, cor da pele, situação financeira ou grau de instrução.
Lamento informar à meus caros advogados, médicos, engenheiros, veterinários, dentistas, comerciantes, dentre outros: Não basta ter pós graduação, mestrado ou doutorado, não basta estudar constantemente nem fazer cursos de atualização, não basta ser de família abonada e ganhar de presente do papai um consultório lindíssimo e ultra moderno, não basta ser bem vestido e comprar o carro de ultima geração: É preciso ser competente no que diz respeito a convivência interpessoal, é preciso ser competente nos quesitos educação, respeito ao próximo, compaixão e ausência de preconceito, qualidades que não podem ser adquiridas por dinheiro nenhum e não acrescentam nenhum "Dr.", "MS." ou "pH.d" antes de seu nome, mas acrescentam o adjetivo "muito" antes da palavrinha competência, afinal não basta ser competente para vencer no mundo atual é preciso ser "muito competente", pois, do contrário, o melhor a fazer é ir para casa, pedir um "adiantamento de herança" para os papais e se resignar, porque, como profissional você não vale um níquel.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 30 de outubro de 2009.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

É preciso mais...

É preciso mais...
É preciso mais que amor para viver um bom relacionamento afetivo, é preciso mais que afinidade para manter uma amizade, é preciso mais do que ter boa fé para ser confiável, é preciso mais que talento para ter sucesso, é preciso mais do que o óbvio para se ir além.“Além, do que?”. Além das dificuldades, além dos entraves que estagnam nossa mente, nos entorpecem os sentidos e nos tornam pessimistas e, muitas vezes, mal humorados, descrentes, naqueles momentos nos quais deixamos a desejar enquanto amantes, companheiros, amigos, pais e profissionais.É preciso garra, força de vontade, é preciso paciência, paz de espírito e serenidade para superar as dificuldades diárias e colocar a cabeça no travesseiro pensando positivamente na vida. Somos heróis por superar alguns desaforos, desrespeitos, é verdade, porém que em alguns casos somos pacientes em demasia, como, por exemplo, no que se refere a nossa estagnação quanto a “pornopolítica” brasileira.Mas, mesmo assim, somos fortes, guerreiros, batalhamos no hoje para podermos ter um amanha um pouco mais tranqüilo e confortável, temos que ter um pouco mais do que o necessário para atingir nossos objetivos: Precisamos muito mais que força e coragem, precisamos ter fé na vida.Temos que ser um pouco heróis para sobreviver aos desafios de nossa própria vida, que, por sua vez, não é noticiada em jornal, revista, ou em alguma biografia, mas é nossa e é por isso que deve ser bem cuidada, zelada e muito amada.
Cláudia de Marchi Pagnussat
Marau, 12 de outubro de 2009.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O esnobe

O esnobe

O esnobe é aquele sujeito cuja forma de ser é tão abjeta que deveria prescindir de comentários, todavia por serem estes que fazem de nossa vida um pouco mais cômica tecerei alguns comentários sobre a tal criatura.
A pessoa esnobe é aquela que tem uma muleta: pode ser beleza, cultura, dinheiro, pode ser o cargo que ocupa e o respeito que ele impõe, enfim, ela sempre mantém sua auto estima amparada em alguma coisa que acha boa o suficiente para pisar em quem lhe cerca.
Eles exibem sua muleta como uma mãe exibe seu filho recém nascido àqueles que a visitam. Todavia eles o fazem com empáfia, orgulho e arrogância de forma a demonstrar a inutilidade plena de seus atributos, porque nenhuma de sua muleta é daquelas que toca o coração e demonstra a real beleza do ser: A existente na alma.
O esnobe pode ser lindo, quase perfeito, porém sua beleza se torna inútil, sem graça e sem brilho quando abre a boca e tenta, apenas, chamar a atenção alheia para si. Pode ser um esnobe que batalhou e enriqueceu, e que passa a olhar de cima para baixo àqueles desprovidos de riqueza. De nada adianta tanto dinheiro se ele só pode ser admirado por ter valores pecuniários.
Feliz é o homem que pode ser admirado pelo brio que possui, pelo caráter, pela garra, pelo humor, pela simpatia, pela alegria e tranqüilidade que emana e não apenas por atributos que, sozinhos não significam absolutamente nada, ou melhor, significam: Um coitado desprovido de valores se achando gente na vida.
As pessoas não se tornam especiais pelo que elas têm de beleza, luxo ou riqueza. Elas encantam pelo que elas têm de gracioso até mesmo em seu silêncio, pela sua humildade, pelo que elas têm de humanidade no real sentido do termo, e pelo que irradiam da alma, do coração.
Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 13 de outubro de 2009.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Ricos miseráveis


Ricos miseráveis

Se existe algo que me alegra nesta vida é saber que vivi intensamente todos os meus momentos, todas as minhas fases. Fico feliz por ter tido, até o momento, uma vida bem vivida. Uma vida bem vivida implica em interação humana, em conhecer pessoas, fazer amizades, criar alguns vínculos, abandonar outros, e, principalmente, aprender com o que se vive.
Uma coisa que aprendi e queria que todo mundo soubesse é que não importa quão rica uma pessoa é financeiramente, e, sim, o que ela é, e quão rica de virtudes ela se tornou com o passar do tempo.
Existem pessoas que acumulam riquezas, patrimônio, dinheiro e não deixam de ser miseráveis. Pobres de espírito, mesquinhas, maldosas, desconfiadas, pessoas que presumem que os outros são inferiores por serem menos abonados e quanto mais tentam fazer desta presunção uma certeza em suas vidas menores e mais abomináveis se tornam.
Dinheiro é bom e é para ser gostado e, principalmente gastado em coisas que nos dão prazer e alegria, acumula-lo é a meta de muitos e pode ser saudável desde que quem o faça não se torne dele um escravo e passe a crer que é o “Senhor” do imenso latifúndio do convívio humano.
O que importa não é o que uma pessoa guarda no banco, não importam seus imóveis, sua renda, uma pessoa é realmente amada quando esta despida de adornos, quando ela se mostra o que e como ela é interiormente, e é ai que muitos milionários mostram sua miserabilidade afetiva, mostrando-se menos dignos de afeto que o mais pobre e sujo dos moribundos.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 08 de outubro de 2009.

domingo, 4 de outubro de 2009

Nossas opções.

Nossas opções.

Você tem livre arbítrio para todas as escolhas possibilitadas em sua vida, mas você não pode escolher o momento de conjugar a hora justa com o aparecimento da pessoa correta, seja ela um amigo ou um amor.
Hoje somos uns, amanha seremos outros. Hoje somos dignos destas companhias, amanhã podemos ser de outras. Hoje é este quem nos faz feliz, amanha aquele outro pode nos realizar, e este mesmo pode ter sido repudiado em nosso passado.
A vida é um eterno aprendizado. A melhor escolha, aquela que emana as maiores e mais profícuas lições, sendo uma das quais a de que ninguém estagna, ninguém pára em momento algum de evoluir pode ser aquela que faríamos novamente ou jamais repetiríamos no futuro.
Independente de tudo o que acontece ao nosso redor como fruto de nossas opções o que importa é escolher de coração aberto, de alma limpa e coração puro. É escolher com carinho, com amor, com boas esperanças. Do aprendizado, da mudança e da evolução é a vida, através do tradicional “um dia após o outro” quem vai cuidar.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 02 de outubro de 2009
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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Gerando solidão.

Gerando solidão.

Quem gosta de pessoas estúpidas? Quem gosta daqueles indivíduos que de uma hora para a outra começam a esbravejar, a gritar, que xingam quem não merece, que descarregam sua ira justificável injustificadamente em cima dos outros, e quem, afinal não conhece uma pessoa cuja vida trouxe mais intolerância e impaciência que serenidade e paz de espírito?
Mas, quem, algum dia, por algum motivo seu, que, de repente a ninguém interesse ou afete, foi estúpido ou grosso com quem não devia? Quem nunca vitimou até quem mais ama e merece respeito como seus próprios pais com palavras e atitudes ásperas? Creio que todos nesta vida onde correm atrás de algo sem sequer parar para valorizar aquilo que esta a seu redor. Mundo onde a maioria dá mais valor no que esta porvir do que no que realmente possuem.
Errar, ser um pouco grosseiro, acontece às vezes, as mulheres tem TPM, os homens tem o famoso estresse e cansaço através dos quais tentam justificar algumas atitudes aborígines. Todavia o ser humano foi feito para evoluir, buscar seu equilíbrio, se auto controlar e, principalmente buscar a justiça que espera da vida constituindo-a em suas próprias atitudes. Dar para a vida o que dela espera, e não esperar sucesso, amor e carinho, jogando palavras duras, reclamações e injúrias para um mundo que só depende de suas atitudes para ser belo.
É demasiado incongruente desejar a justiça e o respeito alheios se se perde a razão frequentemente explodindo com quem não deve, ferindo sentimentos e o coração de quem se dispõe a ser bom e a ajudar. O sentido de tudo na vida é não fazer para os outros o que não se deseja que eles lhes façam, e, para tanto, nada melhor do que começar a controlar os seus próprios atos porque gestos impensados podem causar muitos dissabores, inclusive o pior de todos que tem nome feminino mas é cruel como um leão: A solidão.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 1º de outubro de 2009.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Além do romance.

Além do romance.

Poucas sensações são tão boas como o doce saltitar do coração com a alegria do início de um romance. Jantares românticos, vinho de boa qualidade, espumantes deliciosas, bombons, café da manha com direito a tudo, inclusive quindim e pãozinho na boca. Mensagens no celular, e-mails românticos, o início de algo que pode evoluir ou findar, mas que, se bom for, se eterniza na memória de quem o viveu. Rosas, cartões românticos, expectativa de amor, presentinhos especiais, doces, champagne da melhor qualidade, noites e noites de paixão, idas à motéis, hotéis luxuosos, viagens magníficas, noites de paz e carinho numa agradável cama em momentos tão bons que poderia o mundo acabar e teríamos um sorriso cândido nos lábios.
Tudo o que a gente vive com entrega, com sentimento, com emoção, todos os momentos que aproveitamos com pureza e sinceridade são especiais e se eternizam em nossa mente, logo, independente do futuro que a relação venha a ter, o que foi dela bem curtido e sentido passa a existir numa linda gavetinha na memória de nossas melhores experiências. Uma gavetinha cor de rosa, que exala um doce perfume e nos arrepia ao fazer sentirmos a alegria de outrora no coração e um agradável arrepio na pele.
Todavia, não é o "quão maravilhoso" é o início de uma relação que definirá quão aprazível, divertido e agradável será o "depois", o dia a dia, o futuro do relacionamento, pois independente do doce romantismo inicial a realidade de uma vida afetiva requer muito mais que romance constante: Requer afinidades, respeito, paciência, semelhanças, inclusive no aspecto cultural, complacência, e, é claro, atração, desejo, e muita inteligência e humor para tornar agradáveis os dias mais rotineiros, cansativos ou inertes.
Não existe romance de novela, ou melhor, não existe romance cuja paixão explosiva se mantenha dia após dia, em que todas as noites sejam regadas a espumante, morangos e muito sexo. O ser humano passa por fantasias para amadurecer: Na infância sonha, imagina o mundo como quer que seja, quando amadurece vê a vida como ela é. Da mesma forma quando o assunto é a "perfeição romântica de um relacionamento", quando imaturos nos encantamos com o "romance encantável", quando maduros percebemos que tal é apenas um detalhe para uma relação sólida.
Tudo pode começar da forma como idealizamos, como num belo filme romântico, e se perder durante os dias e os anos, outras relações podem começar sem adornos românticos e melhorar com o passar do tempo. Independente de qualquer coisa a graça da vida é o que dela aprendemos e o que nela fazemos com pureza de coração, e o melhor que temos a fazer enquanto viventes, é, simplesmente: Vivenciar. Vivenciar o mais belo romance, a mais tórrida paixão e o mais puro amor, este sim, é o que surge independe de mimos e agrados, e vivenciar, convém dizer, é viver com o corpo e com a mente e sentir com o coração e com a alma.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 30 de setembro de 2009.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Saudade e Passado

Saudade e passado.

Em um de meus últimos escritos mencionei que o único tempo importante, porque existente e existente, porque importante, em nossa vida é o tempo porque do passado resta saudade ou arrependimento, ou uma mistura de ambos.
Até mesmo de nós mesmos podemos sentir saudade: Somos seres em constante formação e transformação, podemos ter saudade do que fomos e sentimos, da liberdade, da serenidade, da paixão atordoante, do momento especial, dos parceiros amigos de outrora, dos amigos que fizemos e de todos aqueles por quem sentimos carinho, mas dos quais nos afastamos. De tudo podemos ter saudade: Do que se foi há muito tempo ou do que aconteceu há um minuto.
Arrependimento já é algo que todo mundo pode sentir, mas que não é bom e se cultivado se torna prejudicial à saúde da mente. Cabe à nós transmuta-lo em sabedoria, em conhecimento, em experiência de vida, ainda que sofrida. Mas de algum “arrepender” ninguém esta livre nesta vida, até porque não somos perfeitos.
As lembranças de nosso passado fazem nos sentirmos vivos quer pela alegria que nos tragam, quer pelo fato de termos vivido e enfrentado dores, mas estarmos saudáveis recordando o que nos ocorreu, por mais que tenhamos sofrido um pouco.
Do passado não adianta nos arrepender, nem tentar ignorar a saudade de bons momentos, o passado não é um “tempo”, é uma lembrança que pode se tornar eterna em nossa mente dependendo das boas energias que nos traz.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 25 de setembro de 2009.

domingo, 20 de setembro de 2009

A auto piedade.

A auto piedade.

A auto piedade é a mais perigosa das características que, neste momento, prefiro denominar de “defeito”. Sentir-se ferido, machucado, desprezado ou até mesmo humilhado é possível, existem muitas pessoas pelo mundo que não se importam com o que sentimos, menos ainda com o quem somos.
Àqueles que nos desprezam nosso silêncio, nosso desdém. Errado é assimilarmos o desprezo, a ofensa, o insulto, o ato egoísta do outro ou simplesmente sua estupidez como algo “nosso”. Como se fossemos mesmos seres infames a povoar o mundo.
Achar que somos errados, que não sabemos fazer isso ou aquilo da forma que desejam, achar que somos coitados porque o namorado nos deu um fora, a amiga nos colocou de lado, o cliente nos ignorou, ou alguém especial se afastou de nós alegando que somos negativos ou abjetos é suicídio em vida.
Ninguém nesse mundo é perfeito, e nem deve sê-lo. Quem nos ama respeita nossas limitações e quem nos ignora, quem não nos ama, afinal, que importância têm para nós? Somos nós que precisamos sentirmo-nos fortes, somos nós que temos que nos amar acima de qualquer coisa para que não seja uma “coisa qualquer” que nos desequilibre emocionalmente.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 20 de setembro de 2009.

Pessoa especial

Pessoa especial

Se acaso um dia uma filha ou filho meu me perguntar o que deve deixar de fazer na vida e eu tiver a audácia de respondê-los direi: Não faça nada que saibas que vai ferir alguém, não faça nada que vai macular sua moral de boa pessoa, sua boa índole, brio e auto estima.
De resto, vale mesmo é ter coragem para ser feliz. Deixar para traz amizades perniciosas, amores indecisos, relações mal estruturadas. A vida coloca em nosso caminho pessoas especiais quando estamos aptos para tê-las em nossa vida.
Mas, ora, o que são pessoas especiais? São aquelas cujos momentos partilhados conosco que não saem de nosso coração. Coração, não memória. As lembranças guardadas na memória são mais tênues, as armazenadas no coração são inesquecíveis por uma vida inteira.
É uma noite olhando as estrelas, olhando as luzes da cidade se apagarem, é um diálogo sobre o que se sente ou deixa de sentir, uma viagem de ida, ima viagem de retorno. São coisas singelas que apenas compartilhadas com pessoas especiais se tornam inesquecíveis.
É bom viver grandes paixões, é bom ser bem amado, bem cuidado, é bom amar e bem cuidar, é bom colocar nossa alma em cada ação, em cada toque, em cada sorriso, mas só fazemos isso quando temos ao nosso lado alguém especial, logo, diria para um rebento: Veja se a pessoa que te oferece alegria, amor ou diversão é, realmente, uma pessoa especial.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 20 de setembro de 2009.

sábado, 19 de setembro de 2009

Sua vida.

Sua vida.

Querer entender a vida pode ser uma tarefa muito importante, porém é ela a que mais faz o homem perder seu tempo. A vida e o amor não devem ser compreendidos, devem ser sentidos, gozados, aproveitados.
Tente viver bem, aproveite a paz celestial que existe no âmago do seu ser. Agradeça à tudo, em especial por existires e seres quem és. Agradeça o copo de água, vinho, suco ou refrigerante que mata tua sede.
Aproveite os momentos, o aperto de mão de quem ama você, o olhar admirado de quem lhe estima, elogie mais à tudo e à todos, demonstre mais gratidão e contentamento pelo que você possui do que desgosto pelo que, ainda, não tem.
Seja feliz agora, ame agora, abrace agora, dê carinho, doe palavras de compreensão e estimulo agora, o presente é o único tempo que existe vez que o passado se resume em dois adjetivos: Saudade ou arrependimento, e não convém comentar o porque de um ou outro.
Compreenda que a regra da vida e a sua graça são as imperfeições, entenda que se você erra e pode já ter cometido erros envergonháveis o outro também pode errar, então, para que criticar, para que cobrar demais os “bons atos” alheios se todos falham?
Viva com leveza de espírito se olhe no espelho e tenha orgulho do que vê: Gordo, magro, jovem, velho, pálido, bronzeado, o que importa é a alma por trás da aparência e essa alma é única nesse imenso universo, portanto, tenha orgulho de ser quem você é, principalmente porque lhe cabe ser um pouco melhor e muito mais contente e feliz. Você é o ser principal nessa existência que se denomina “sua vida”.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 19 de setembro de 2009.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Saber ouvir.

Saber ouvir.

Como é bom saber ouvir! Como é bom conseguir aprender com o que ouvimos, analisar e criticar positivamente as experiências alheias sem o véu do orgulho da "super auto estimação". Todos sofrem ou já sofreram, todos erraram tentando acertar e se desiludiram, todos têm alguma coisa para aprender e outras para ensinar, nenhum ser humano é um livro em branco e é por isso que todos merecem nossa atenção quando expressam seus pensamentos e sentimentos.
Tapar os ouvidos, colocar uma viseira nos olhos e seguir a vida ignorando até quem nos ama e quer nos mostrar novos caminhos e possibilidades de viver é algo demasiado estúpido que só faz prejudicar a quem se julga acima do aprendizado alheio. A vida nos mostra muitas formas de aprimoramento pessoal, muitas formas de aprender e a melhor delas é, sem dúvida ouvindo quem tem algo de útil e válido para nos dizer.
Deus pode nos falar através de nossa consciência, de nossos sonhos, de nossa intuição, mas também pode nos falar pela boca de quem nos estima e deseja nosso bem. Pela boca de quem nos ama e vê com outros olhos problemas que visualizamos como elefantes enquanto, se comparados com os de muitos outros, não passam de pulguinhas: Irritam, incomodam, mas são fáceis de eliminar.
Reclamar e lastimar demais nossas mazelas, achar que nossos problemas são insolúveis ou dificílimos é a melhor forma de perder o amor pela vida, por que com cada reclamação estamos pisando em cima do que a vida nos deu de bom, enquanto criticamos o outro e menosprezamos seus atos valorosos estamos lhe incentivando a deixar de ser bom e de se esforçar. Os pais já educam seus filhos com o péssimo hábito de pouco elogiar e exigir atos super corretos que, certamente nem eles eram capazes de fazer quando tinham a idade dos rebentos.
E é assim que, desde criança os seres humanos se desapegam do valor que tem ouvir bons conselhos ou palavras de incentivo. Elas se armam contra isso porque provêm de uma educação que pouco elogiava e criticava brutamente, e para cada tentativa alheia de incentivo o ouvinte se arma e se esquiva com medo de ser tripudiado quando o outro quer, apenas, ajudar.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 18 de setembro de 2009.

A intenção de acertar

A intenção de acertar

Um dos mais nobres aprendizados que podemos obter de nossa trajetória na vida é que somos os responsáveis, de uma forma ou de outra, por tudo o que nos acontece. Se algo hoje nos fez chorar, ontem, dando gargalhadas podemos ter-lhe escolhido.
A vida é encantadora ao mesmo tempo em que pode ser trágica pelo fato de não podermos prever o que acontecerá em nosso amanha. Sonhamos, desejamos, esperamos: Surgem as oportunidades, fizemos as escolhas sempre no intuito de acertar, mas, no futuro, podemos ser surpreendidos positivamente ou não. Na verdade existem sempre surpresas positivas e negativas em quaisquer de nossas escolhas.
A intenção de “acertar” através das escolhas é, na verdade, um a ficção de nossa mente espiritualmente limitada: Ainda que não obtenhamos, de nossas opções apenas regozijo e o que mais de bom que podemos ter esperado elas sempre se tornam certas: Certas pelo aprendizado que nos dão.
Seria bom se pudéssemos prever as lágrimas que escorrerão pela nossa face, as emoções positivas, o encantamento constante, a desilusão, a mágoa, a alegria incontida, a tristeza profunda, a felicidade envolta em paz que nossas escolhas nos trarão.
Todavia, o maior sinal de nossa maturidade é assumirmos as escolhas que fizemos ainda que choremos escondido, ainda que oremos à Deus pedindo perdão, ainda que soframos, o resultado sempre é positivo: Maturidade e crescimento pessoal, bens valiosos que ninguém nos pode roubar.
De resto o que vale é viver a vida que escolhemos, com brio, humildade de espírito e a doce esperança de um dia afirmarmos que “ao final, tudo deu certo”: A sabedoria psíquica foi conquistada e esta sim, tem valor inestimável e economicamente inauferível.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 17 de setembro de 2009.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Àqueles que gritam II

Àqueles que gritam II

Existem coisas simples na vida que muitas vezes nos passam despercebidas pela dificuldade que temos em admitir nossa culpa e nossa responsabilidade por infortúnios sem que reguemos nossa infeliz auto piedade.
Errar é humano, mas não assumir a própria culpa ou tentar atribui - lá à outrem é simplesmente, desumano. E entre o humano e o desumano existe a diferença de sentimentos nobres como a compaixão, a indulgência e a compreensão. Todos deveriam ter como certo para si que pessoa alguma comete gafes por querer, ninguém erra com a intenção de errar ou prejudicar alguém.
"Ninguém" quando me refiro à relações amistosas, quando se trata de briga, discussão ou qualquer espécie de desavença as mágoas são causadas deliberadamente, todavia no convívio diário entre pessoas saudáveis os erros e as mágoas geradas costumam ser feitas sem intenção e compreender este fato torna a vida mais leve, o convívio mais humano, racional e respeitoso.
A vida requer paciência para tudo, aliás viver bem é um constante exercício de serenidade e paciência. É preciso pensar mais e falar menos, acreditar mais e reclamar menos, se esforçar mais e se depreciar menos, admirar mais as belezas de mundo do que exigir uma ilusória perfeição dele. Compreender que não conseguir razão em discussões banais é muito mais "felicitante" do que cair na vã fantasia de que o outro foi persuadido por nossos esbravejos e palavras agressivas.
Nenhum homem pode mudar as considerações que o outro possui como "verdades" gritando ou berrando, aliás para viver bem é preciso respeitar as famosas diferenças interpessoais que fazem da existência humana uma grande escola. Aceitar o outro como ele é, aceitar que o outro pode cometer falhas como nós mesmos e sem más intenções é o principio básico para uma vida tranqüila. E o que não é a tranqüilidade num mundo de tanta discórdia um sinônimo perfeito de paz e felicidade?

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 15 de setembro de 2009.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Àqueles que gritam.

Àqueles que gritam.

O ser humano quando grita perde toda a razão, a elegância, o auto respeito, além, é claro de demonstrar total ausência de estima e respeito pelo outro e por seus sentimentos. Gritando o ser humano se assemelha à animais ferozes. Porém, se esbravejar e gritar adiantasse ninguém poderia comer bacon: Se berrar adiantasse os porcos não morreriam. Diálogos com clima exaltado existem, discussões também, em qualquer família, amizade, em qualquer relacionamento humano, todavia gritar com o outro faz a pessoa mais correta em suas reivindicações perder por completo a razão e a justiça que poderiam inquinar suas palavras e opiniões. Os gritos fazem do homem um ser tosco e ignorante fazendo com quem veja seu “chilique” sinta piedade por uma pessoa que não tem controle sobre si. Não é gritando que conseguimos nos fazer entender, não é gritando que conseguimos ser compreendidos, não é gritando que ganhamos a razão, pelo contrário, é alterando o tom de voz que a perdemos, é gritando que nos humilhamos (ainda que em nossa exaltação desejemos humilhar a outrem), é gritando que demonstramos nossa pequenez de espírito, nossa fragilidade psíquica e completa falta de auto controle e respeito ao próximo.Interagir, dialogar, ouvir e ser ouvido são atos que fazem a amizade se solidificar, o amor entre enamorados crescer juntamente com a admiração pela ponderação e maturidade do outro. Por outro lado, conviver com quem, tendo ou não razão no motivo que antecede a "gritaria" esbraveja como um animal irracional ferindo a quem lhe cerca faz a admiração diminuir, o coração cansar e a alma doer. E é inevitável que a dor da alma e do coração esmoreça qualquer sentimento inclusive o amor, porque ele deixa de existir na medida em que a admiração se esvai.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 09 de setembro de 2009.

Clima leve

Clima leve.

Tem gente que fica feliz com o luxo, que se sente bem apenas estando em ambientes bem decorados, super limpos e espaçosos, tem gente que só se sente à vontade com pessoas íntimas, da família mesmo que num ambiente de pouco diálogo, alguns se sentem bem apenas quando a situação bancária está para lá de animadora, outros se sentem contentes apenas no happy hour, com amigos e uns golinhos de qualquer bebida alcoólica.
Eu me sinto bem de qualquer forma e em qualquer lugar desde que o "clima" esteja seja leve. Leve a ponto de eu poder olhar nos olhos de quem me faz cerca sem ter medo de demonstrar alguma mágoa, ou sem ter medo de ser invejada ou criticada. Clima leve é o clima de paz, de tranqüilidade e isso me deixa feliz.
Nada melhor do que estar bem e se dar bem com quem nos cerca, nada melhor do que a paz de um convívio sem brigas, sem discussões, remorsos ou mágoa. Bom é se sentir à vontade e em paz, sem nenhum sentimento apertando o peito ou agitando nossa alma. Experimentar o convívio pacifico e harmonioso é fazer de nosso lar um pedacinho de céu, pelo contrário, quando deixamos a harmonia escapar e a desavença se instalar tudo se torna infernal, inclusive o clima do ambiente em que estamos, o que atrai mais sentimentos e sensações negativas à ferirem nosso coração.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 09 de setembro de 2009.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A mágoa e quem a causa.


A mágoa e quem a causa.

A mágoa é sempre mais doida de acordo com o sentimento que temos por quem a causa. De quem nos inveja, com quem não nos relacionamos bem ou cuja existência é irrelevante para nosso bem estar psíquico podemos esperar qualquer ofensa ou, ainda que inesperada, ela não nos fere a alma como fere qualquer ato ou palavra ofensiva partida de quem estimamos.
A dor causada por uma palavra infeliz, por um gesto bruto ou pela desconsideração de nosso valor é maior na medida em que mais nobre é o sentimento que nutrimos por quem nos mágoa, ainda que sem querer.
As pessoas não costumam magoar umas as outras intencionalmente. Muitas vezes causam dor no coração alheio sem sequer aperceberem-se do que causaram. A falta de intenção pode fazer nosso coração bailar nos belos passos da indulgência, amenizam a angústia, mas não apagam os fatos, afinal a palavra após dita não volta atrás.
Aquele que humilha, aquele que dá o tapa esquece do fato muito antes do que aquele que o levou que, se o faz é pela sua nobreza de caráter e de espírito, as custas de algumas lágrimas, suspiros e dor no coração, apenas por isso.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Passo Fundo, 03 de setembro de 2009.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Colo de mãe


Colo de mãe

Existem situações que de tão simples e valorosas que são não são percebidas enquanto vivenciadas, uma delas é a de ser um “filho”. Um filho amado, respeitado, é claro.
Para a mãe da gente seremos sempre seus filhos: Aqueles por quem elas se sentem responsáveis e para quem elas nunca negarão um colo, um afago, um elogio. Quando crescemos, quando saímos de casa para casarmos, para construirmos uma família, ainda antes de ter os nossos rebentos nos sentimos demasiado responsáveis.
Aquela que era a “filhinha da mamãe” se torna a “dona da casa”, a próxima futura mamãe que não pode fraquejar nem se entregar ao cansaço. A mulher é o cerne de uma família, é aquela que ainda que não seja, tem o instinto maternal de cuidar do outro sendo ele marido, bichinho de estimação ou filho, deste é claro, com uma dádiva toda especial.
Todavia, após conquistadas as responsabilidades de mulher adulta é no cantinho do lar de nossa mãe que nos sentimos filhos novamente, que demonstramos nossa necessidade de cuidado e nos sentimos merecedores dele que não é não um zelo qualquer, mas daquela que nos deu o maior dos presentes: A vida e o amor.
É por essas e por outras belas razões que, independente da idade que uma mãe parte deste mundo, o vazio perdura no coração do filho bem amado. Ele nunca mais terá aquele toque, aquele abraço e aquelas palavrinhas inquinadas de uma capacidade de confortar transcendental inerente ao verdadeiro amor eterno. A vida de um filho que foi adorado jamais é a mesma, ainda que na fase de independência e maturidade,sem a possibilidade de ter o colo de sua mãe.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 02 de setembro de 2009.

domingo, 30 de agosto de 2009

Pequenos universos II

Pequenos Universos II

Ninguém é igual a ninguém. Cada pessoa é um universo de sentimentos, pensamentos, lembranças, vivências, virtudes e, obviamente, fraquezas. Não gosto de usar a palavra “defeito” porque tem uma conotação de imutabilidade e fraquezas são superáveis, eis a razão.
“A Cláudia é uma menina profunda”, não sei quem afirmou isso. Nem sei se foi um elogio ou uma critica sarcástica. A Cláudia é como todos, cheia de fraquezas, mas é, realmente o tipo de pessoa que nem nos erros é superficial.
Ando tão inspirada que resolvi escrever um diário. A companhia de meu gato Zeus, de meu marido, de minha mãe eventualmente e minhas conversas virtuais com minha melhor amiga, além de minha escrita não estão contendo minha inspiração.
De repente reparei que eu, como todos os viventes neste mundo, sou um nada cheio de significado no universo. Sou um mundo à parte no meio do mundo. Não sei muito da vida e chego a pensar que agora estou me descobrindo realmente vez que achei a minha maior característica: A profundidade.
Sou uma pessoa que nunca fez nada “por fazer” na vida, tudo, do ato mais simples ou “mecânico” como dizem, sempre fiz com sentimento, com vontade profunda. Não faço nada para agradar ninguém, faço sempre o que quero e sempre com muito sentimento. Até mesmo as pessoas que feri foram feridas não por alguém que agia sem saber o que fazia: Foram feridas por alguém imbuída de muito sentimento e muita vontade de viver, muita paixão em seu real significado.
Cheia de fraquezas? Sim, como você, como todos, mas contente, feliz porque apesar de minha vida não ser exemplo para ninguém, não sou modelo, jornalista, atriz, cantora, dançarina ou escritora famosa e sim alguém que pensa e escreve o que pensa (mesmo que mude de pensamentos), alguém que age e vive com intensidade e alegria ciente de que por menos que eu seja para o mundo sei que eu sou um mundo em mim mesma, sou tudo para mim e tenho orgulho de todos os meus atos porque todos, até mesmo os mais equivocados foram sem malicia, sem maldade. Eu me conheci e descobri a mim mesma vivendo a minha vida, e você?

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 30 de agosto de 2009.

Pequenos universos.


Pequenos universos.

O que somos nessa vida se não pequenas individualidades livres em busca de algo? Amor, felicidade, alegria, sucesso, auto-realização ou, simplesmente, bem viver! O que são essas individualidades mundanas se não pequenos universos particulares? Cada um de nós é, pois um pequeno vasto mundo de sentimentos, lembranças, recordações, desejos, sonhos.
Somos o resultado de vivências e, mais do que isso, resultado do que sentimos ao vivenciar cada situação. Por isso ninguém sabe sobre nossos sentimentos o que nós sabemos, por isso não podemos ser desvendados por completo, nem por quem mais amamos.
Somos um mundo de idéias, sentimentos e pensamentos, jamais seremos criaturas simples ou facilmente decifráveis, é por isso que jamais deveríamos ter a audácia de julgar alguém.
Julgar ao outro, presumir o que sente ou sentiu, criticar a conduta alheia, os seus sentimentos e pensamentos é ato de tolos. O homem sábio sabe que jamais pode mensurar os sentimentos do outro ou tripudiar de seus atos: Ele age em prol de algo que deseja para seu bem, e essa tarefa é unicamente pessoal, logo ninguém deve perder seu tempo pensando numa vida que não lhe pertence e por isso mesmo se chama “alheia”.
Se todos cuidarem bem de seus mundos particulares o grande Universo se encarrega de organizar o que não é nosso encargo fazer: Os pequenos encontros, as coincidências da Vida, o acaso que não é por acaso e todas as pequenas e grandes ocorrências que demonstram que a ela realiza milagres a todo instante.
O maior de todos os milagres é o de estarmos vivos para errarmos e aprendermos com os erros, tropeçarmos, nem sempre cairmos, mas levantarmos sempre, seguindo adiante aprendendo diariamente a nos tornarmos pessoas melhores, ou seja, pequenos universos mais ricos em experiências e sabedoria.


Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 30 de agosto de 2009.

sábado, 29 de agosto de 2009

Vivendo a vida.

Vivendo a vida.

Quando somos crianças ficamos pensando no que “iremos ser” quando crescermos. A gente planeja ter uma profissão, casar com essa ou aquela idade, ter 2,3 ou 4 quantos filhos, e etc.
Todavia a gente segue a vida, e passa a adolescência reclamando e questionando a maioria das coisas do mundo. Eis que, quando menos esperamos estamos adultos: Passamos pela infância desejando crescer, mas é quando crescemos que vemos quão boa era a fase dos sonhos, da esperança, em que pensávamos que faríamos de nossa vida exatamente o que sonhávamos e que o mundo seria como era em nossa imaginação ao olhar as estrelas brilhando numa noite iluminada.
Quando crianças sonhamos, almejamos algo, na adolescência questionamos, afirmamos que “jamais vamos viver assim ou assado”, mas daí vem a vida na fase adulta e coloca de cabeça para baixo nossas afirmativas adolescentes ou nossas metas infantis.
De repente nos deparamos numa vida que outrora não pensávamos que teríamos, e o que é mais incrível: Estamos felizes, afinal estamos no caminho que escolhemos para nós (logicamente, pois do contrario não estaríamos nele) no decurso de nossa existência. A vida nos dá muitas lições e uma das maiores é de que devemos viver intensamente o nosso presente.
Aproveitar a infância sem pensar demais na fase adulta, cruzar a adolescência aproveitando a fase sem muita rebeldia interior que a vida certamente vai contrariar e, finalmente, viver a vida dando a ela o que dela esperamos: Amor, risos, encanto, porque ela nos devolve em dobro o que à ela emanamos.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 27 de agosto de 2009.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Conformismo saudável.

Conformismo saudável.

Não existem “truques” para ser feliz ou ter uma vida agradável, existem apenas algumas “realidades” que convergem nossa existência para a alegria: O ato de aceitar mais do que retrucar, o respeitar ao outro e a si mesmo em suas limitações, o perdoar mais do que o desejar perdão, o agradecer mais do que o desejar.
Todavia, a maioria das pessoas exige demais do outro e, também de si mesmo, a maioria das pessoas critica demais, julga e aponta as falhas alheias com orgulho. A maioria das pessoas reza para que seus desejos e sonhos se realizem e esquece de agradecer ao simples fato de existir.
Não para menos vivemos num mundo em que a maioria da população corre atrás de anseios com afinco sendo julgados como “maduros e perseverantes”, mas terminam suas vidas, muitas vezes, de forma tragicômica como gatos que correram atrás de seu próprio rabo. Estava tudo neles mesmos e eles tentaram e “correram atrás”.
Metas, sonhos, desejos, ambições todos devem ter, mas ninguém deve a eles se escravizar a ponto de deixar a felicidade do “aceitar a vida que se tem” se perder no inconformismo do “desejo ter uma vida diferente”. A grande maioria morre querendo isso.
Prefiro, pois pertencer à ínfima minoria que é contente e feliz com o que é e com o que tem por mais insignificante que isso possa significar para a maioria que exige demais de si mesmo e do mundo, exigindo mais da vida do que doando à ela, afinal deste mundo o homem só leva os sentimentos que teve e o aprendizado aferido de suas experiências.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 13 de agosto de 2009.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Nada útil.

Nada útil.

Dormir muitas horas. Passar um dia todo entre a cama e a geladeira. Um dia na beira da praia tomando caipirinha, comendo camarão e tomando sorvete. Um dia no clube tomando sol sem ler sequer uma revistinha de cultura inútil. Nada disso é tempo perdido.
Tempo perdido é aqueles 2 minutos de nossas 24 horas que podem ter sido dedicados à criticar alguém. É o meio segundo de nosso pensamento de “julgadores cheios de bom senso”. Bom senso inexistente, pois quem o tem pensa na sua vida ou, simplesmente em “nada” de muito útil, mas também nada tão vil quanto criticar, tripudiar ou, especificamente, julgar o outro.
Cada pessoa vive da forma que lhe interessa e todos têm em comum, ou deveriam ter, o desejo de ser feliz em sua liberdade, independente das idéias alheias e de qualquer forma de sua influencia. Preocupar-se unicamente com a sua própria vida é a única forma de bem vivê-la.
Não me refiro a não se preocupar com o bem estar alheio, não me refiro a alegria egoísta, obviamente. Mas a não criticar o que o outro faz ou deixa de fazer, cada um faz o necessário para ser feliz dentro do que tem para si como tal.
Todos, também, tem o direito de mudar de opinião, de caminho, de desejos, de metas, a mudança é a lei da vida em especial dos que bem a vivem. O ser humano não é uma maquina com manual de instrução, ele constrói a sua própria forma de “usar” e viver a sua vida e é por isso que todos são especiais pelo fato de estarem neste mundo, cada um com suas virtudes e limitações, mas todos especialmente únicos.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 08 de agosto de 2009.

sábado, 8 de agosto de 2009

Casamento, desejo e atração.

Casamento, desejo e atração.

Às vezes me pergunto se todas as pessoas se casam por amor, ou se constroem suas uniões apaixonadas pelo parceiro ou parceira. Não falo daquela paixão insana na qual o homem se esquece da própria individualidade, me refiro à paixão em seu desejo, atração, vontade de estar perto, beijar, abraçar e cuidar do outro.
Vejo casais que antes mesmo de se casarem já levam uma relação morna, com pouco desejo, pouca inspiração. Relacionamentos carentes de admiração entre as pessoas, em que o desejo físico e psíquico esta mais para morno do que para quente.
Cada pessoa, porém deve se sentir bem no relacionamento afetivo que estabelece, do contrário não existe razão para mantê-lo. Todavia, vivemos num mundo em que poucos são os que quiseram, puderam ou conseguiram gozar realmente suas vidas.
Poucos ousam, poucos ousaram. Poucos experimentam experiências com pessoas diferentes, poucos experimentaram. A maioria se casa “passado” ou “verde” demais, poucos casam maduros, vividos no “ponto” certo para efetivar escolhas das quais se orgulhem.
Poucos podem dizer para si mesmos e com orgulho “este foi o homem (ou a mulher) que eu escolhi”. Alguns escolheram o parceiro por falta de opção, muitos outros escolheram os seus por terem tido tantas opções e pouco êxito que optam por um alguém por medo de nunca encontrar “o alguém”.
De todas as realizações humanas a afetiva é a mais complexa. Felizes os que se amam, se desejam, se respeitam, se admiram e, novamente, se desejam. Não há porque casar com alguém sem que haja forte atração e afinidades sexuais além das psíquicas e afetivas.
Dizer o contrário é ser hipócrita: A gente casa para dormir junto todas as noites sendo homem e mulher que se atraem, do contrário é melhor dormir só e ter amigos para dialogar ou folhas de papel e caneta para criar monólogos. Sexo, desejo e atração não são tudo numa relação, mas uma relação não é nada sem eles.
Um casamento é feito de admiração entre dois, de diálogo, de respeito, confiança e cumplicidade, mas a alegria de um casal é desfrutada no enigmático silêncio de um “que” carnal e físico que se torna sublime, quase “espiritual”.
A vida a dois não tem muitos mistérios, seus pseudo-segredos são relatados em qualquer livro ou reportagem de revista, mas a felicidade intima surge de uma misteriosa e quente atração que nem todos os casais possuem, porque a maioria não conjuga o amor psíquico com a forte atração física que, sem duvida, torna qualquer relacionamento mais empolgante, alegre e, conseqüentemente, feliz.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 06 de agosto de 2009.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Nosso arbítrio

Nosso arbítrio.

A vida não é ou deixa de ser algo, ela esta ou é, para nós, o que dela desejamos e o que à ela atribuímos. A vida segue seu ritmo cadenciado, quem muda e altera a sua forma de ritmar somos nós. Nós fazemos de nossa vida o que desejamos.
Se algo ao nosso redor esta nos desagradando não é culpa da vida, mas do que dela estamos fazendo, ou seja, a responsabilidade é invariavelmente humana, nossa, enfim.
Algumas circunstâncias podem ocorrer de forma diversa a esperada, todavia cabe apenas a nós defini-la, julga-la e dela tirar algum proveito, ou melhor, algum ensinamento para seguirmos adiante com mais sabedoria, ou seja, com mais riqueza psíquica.
Não existe nada em nossa vida que não tenha solução, não existe nada que não possa ser encarado de forma diferente. A vida não anda sem que não desejemos e, também, não muda independente de nosso arbítrio.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 31 de julho de 2009.

domingo, 12 de julho de 2009

Renascida.







Renascida.

Temos duas possibilidades ao encarar nossa vida: Ou a vemos como um aglomerado de fatos simples, banais e às vezes desafortunados ou a encaramos como uma grande benção cujas ocorrências são abençoadas.
Já imaginei como seria se eu morresse. Já desejei sumir do mundo, afinal quem nunca pensou em desaparecer por uns tempos, no melhor estilo Hamlet? Todavia eu nunca me imaginei renascendo, tendo uma segunda oportunidade de construir a minha história.
Sexta-feira dia 10 de julho de 2009 foi o dia de meu renascimento, foi o dia em que tive certeza de que tenho uma missão nesta vida. Vindo de Passo Fundo para Marau na infeliz BR 324 após almoçar com meu pai capotei meu carro ao sair da pista para não colidir com uma camionete que estava na minha contra mão.
Provavelmente desmaiei ao sair da pista e acelerei o carro a ponto de fazê-lo passar por cima de uma cerca com mais de um metro e meio de altura antes da capotagem. O Peugeot 307 terminou e eu, inconsciente fui dele retirada desacordada e com pequenos arranhões.
O acidente foi a maior lição que uma pessoa demasiado destemida poderia ter, sobretudo aprendi e constatei a força de um Ser Superior no momento em que me pegou no colo e me fez despertar como de um sono bom após ter sido salva.
Ficou a certeza de que tenho muita responsabilidade e algo importante para fazer nesta vida. Ficou a certeza de que existe Alguém comigo e com Ele ao meu lado nada pode me atingir, nem as piores forças físicas da terra. Ficou a fé ainda mais forte, ficou a certeza de que devo entregar sempre palavras de amor para quem estimo porque após aquela fração de segundos eu poderia perder tudo o que tenho: A presença das pessoas que amo.
Eis que, em homenagem a todas as pessoas que me cercam deixo um trecho da musica do grande Roberto Carlos que descreve meu atual momento psíquico vez que tenho a mais pura certeza de que nada ocorre por acaso nesta vida e que tudo vale a pena quando se esta vivo e com a consciência tranqüila: “Em paz com a vida e o que ela me trás na fé que me faz otimista demais se chorei ou se sorri o importante é que emoções eu vivi”.

Cláudia de Marchi Pagnussat



Marau, 12 de julho de 2009

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Durante a superação.

Durante a superação.

Pelo fato de sermos resultado do que fomos nesta vida devemos nos orgulhar de tudo o que fizemos e vivemos. Na verdade, estamos onde estamos hoje por termos passado por uma ou outra estrada ontem, quer tenhamos gostado de suas paisagens, quer não.
Não temos e nem podemos ter muito na vida se não nos sentirmos contentes conosco mesmos, aliás, não podemos esperar nada de bom na vida se não vermos a nós mesmos com “bons olhos”.
Assim, é óbvio que iremos ver nossa dor pretérita como uma benesse que nos levou ao bem estar presente. Éramos felizes, e não sabíamos, até mesmo quando, outrora chorávamos.
As lágrimas não são vãs nem acontecem em vão, após qualquer espécie de dor nos fortificamos, crescemos, aprendemos e, enfim, evoluímos, portanto devemos ter plena consciência deste fato quando passamos por momentos difíceis.
Via de regra, nos sentimos “orgulhosos” após a superação de determinados obstáculos em nossa vida, mas, devemos, ao passar por qualquer dificuldade erguer nossa cabeça e ter a certeza de que aprendendo e superando as dificuldades seremos, após, pessoas mais sábias e fortes.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Passo Fundo, 06 de julho de 2009.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Silêncio é ouro.

Silêncio é ouro.

Se expressar através de palavras é um dom humano, mas com exceção de um sincero “eu te amo” todas as palavras devem ser muito ponderadas antes de serem ditas. O segredo do sucesso e da alegria nas relações humanas esta mais no silêncio do que nas palavras expressadas.No dia a dia corrido que todos levam a irritabilidade costuma se elevar, e falar “o que se pensa” no momento que se pensa pode causar vários tormentos, afinal nem sempre o que é pensado num momento condiz com o que se sente ou é tido como verdade nos demais instantes de convivência.A palavra não dita pode ser falada em qualquer instante, todavia a palavra expressada não volta atrás em momento algum, ela é fatal, motivo pelo qual apenas palavras ternas devem ser expressas sem muita reflexão. Menções que expressam sentimentos menos nobres devem ficar o maior tempo possível no pensamento antes de serem jogadas para o mundo. Argumentar ou brigar para conseguir a famosa “razão”, por exemplo, vale mais do que ter paz e harmonia? Não é melhor silenciar e deixar que o outro pense o que deseja vez que é um individuo livre para tanto? Querer a concordância alheia é uma boa forma de infernizar o outro e destruir qualquer relação. O respeito ao outro deve imperar, inclusive na discordância.
Amizades se mantêm, casamentos dão certo, uniões de diversas espécies tem sucesso mais pelo que é silenciado do que pelo que é falado porque o homem costuma se enganar demais com seus pensamentos na medida em que emoções negativas lhe agitam interiormente. Portanto é verdade que a palavra vale como prata, e o silêncio como ouro.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Passo Fundo, 17 de junho de 2009.

As lembranças.

As lembranças.

O que não é o homem se não um grande amontoado de lembranças? Lembranças distribuídas no intimo de uma mente que as organiza da forma que deseja.
Lembranças boas, lembranças ruins, pequenos detalhes que marcaram: O bolo e seu recheio foram esquecidos, mas aquela cereja graúda, vermelha, e saborosa que o enfeitava pode ser lembrada a qualquer instante: É inesquecível.
São os pequenos momentos, os gestos singelos, o silêncio harmonioso, o olhar, o abraço, a ternura “naquele” instante que se tornam inesquecíveis. O homem guarda em sua memória secreta os momentos da vida em que sua emoção falava forte, em que houve entrega de sentimentos, de coração.
Cada pessoa tem sua “memória secreta”, e este fato é fabuloso, porque é ele que justifica o fato de pessoas passarem anos juntas e não se conhecerem como pensam conhecer: Algumas lembranças, e, conseqüentemente, vivências habitam apenas o universo individual de cada um.
É necessário revelá-las? Jamais. Ninguém precisa, tampouco deve saber das lembranças e fatos singelos que nos marcaram se não estão presentes neles, é uma questão de respeito com o outro e com elas, com nossas lembranças que são praticamente sagradas se guardadas em nosso coração, apenas nele.
Não precisamos ser explícitos. Cada um é aquilo que viveu e guarda na memória, logo pode fazer o que deseja de suas lembranças, inclusive distribuí-las ao mundo, mas, que graça tem viver sem ter consigo nenhum pensamento intimo, sem nenhuma lembrança apenas sua, e que irá lhe fazer companhia para onde for?

Cláudia de Marchi Pagnussat

Passo Fundo, 18 de junho de 2009.