Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sábado, 21 de junho de 2008

Os chatos depres

Os chatos depres
Existem muitos tipos de chatos neste mundo, tem aqueles que vivem reclamando de tudo, aqueles que adoram criticar e falar mal da vida alheia, outros que acham que são profetas ou sábios e falam sem dar espaço para o outro cientes de que suas idéias são preciosas. Enfim, vários tipos, mas um dos mais irritantes é o “chato depre”.
Nada contra pessoas portadoras da doença chamada Depressão. Mas o deprimido chato é aquele que esta cultivando uma grande pena de si mesmo, se sentindo o pior dos seres humanos, um joguete mal jogado pelo destino, e em hipótese alguma fala algo positivo ou analisa as circunstancias de ponto de vista menos infeliz e mais entusiástico. Enfim, não se ajuda.
O chato depressivo aluga os outros com suas lamúrias, enche os olhos de lágrimas e desperta piedade e uma dose bastante elevada de raiva em seus interlocutores- “Poxa, será que ele pensa que é o único com problemas no mundo?”.
Tem a mulher recém separada, o homem que foi traído, o cidadão com dificuldade financeira, a mocinha que acabou o namoro, a moça mimada que não conseguiu comprar a bolsinha Victor Hugo, e a outra que não se conforma com a pouca quantidade de seios que tem.
Há também a pessoa mal amada que reclama da desatenção do namorado sem perceber que sem amor-próprio é impossível cativar o amor verdadeiro de alguém. Existem muitos que culpam ao outro pela sua depressão olvidando que são os únicos responsáveis pela sua felicidade ou frustração. Talvez esses seres e todos os demais que de tanto cultivar pena de si mesmos se tornam insuportáveis devessem dar uma passeadinha.
Não me refiro a um passeio na praça, na sorveteria ou na cafeteria chique, não me refiro a uma saída na night, nem a uma viagem para um local legal. Esses são entretenimentos que o chato depre logo esquece, se é que irá conseguir tirar o foco de seu umbigo murcho.
Os chatos depres deveriam passear pela CTI de um Hospital, deveriam visitar os doentes internados pelo SUS, ou aquele milionário que mesmo sendo abastado não consegue recuperar a saúde.
Deveriam sentar seus firmes ou rechonchudos traseiros numa poltrona velha de Hospital Público para ver que quem esta deitado na cama em sua frente padecendo de dor, deitado há dias, com o cheiro de doença impregnado nas narinas, ou com a própria fixada em seu corpo, via de regra não esta lamuriando nem sentindo pena de si mesmo, pois, se assim agir, se entrega à morte que lhe ronda.
(Problema, dizem, “é falta de saúde”, todavia, muitas vezes os homens sábios mesmo diante da doença não se entregam, não reclamam, não se colocam em posição de coitados, para, assim terem maior qualidade de vida.)
Os chatos depressivos que se sentem inferiores no mundo deveriam buscar ajuda psicológica, e passar a ver que ainda que sua situação seja desconfortável existem pessoas em posição muito pior. Olhar para os lados e para trás é uma boa forma de analisar a vida e, aos poucos, buscar o desprendimento do egoísmo, ponto forte dos seres inconvenientes que lastimam demais.
Cláudia de Marchi
Marau, 21 de maio de 2008.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Ode ao casamento II

Ode ao casamento II

Véspera de dia dos namorados volto a fazer ode a união quotidiana dos casais: Ao casamento, à união estável, sinônimos na prática, mas diferentes em detalhes ínfimos, porém assustadores e não compreendidos por todos - algumas pessoas mudam ao assinar um "papel" achando que estão adquirindo o outro como "legítimos proprietários".
Bem, namorar é ótimo. Sempre fui a favor do namoro, nunca soube bem o que significa "ficar". Para mim era dar uns beijinhos e não assumir nada sério, para outros - a maioria hodiernamente- é ir para a cama, usufruir bem da boa sacanagem sem ter compromisso afetivo algum. Para mim, é algo nauseante, para muitos se tornou estilo de vida.
Enfim, o bom namoro é aquele em que há parceria, cumplicidade, jantares legais, saídas, passeios, paixão, sexo atrás da porta do quarto na casa dos pais, na sala depois da família dormir, apertado na cama de solteiro da namorada, amor ou ilusão de amor, mas onde cada um, via de regra, dorme e acorda em camas separadas. É legal, mas depois de conhecer a tranqüilidade da vida a dois não acho o namoro algo tão interessante.
Quando a gente namora fica chateado por não passar um feriado inteiro com o amado, fica resmungando baixinho por não poder ficar junto numa noite em que o namorado tem uma janta com os amigos, ou quando, por algum motivo não estará conosco jantando num restaurante chique e indo a um Motel de primeira na noite do dia 12 de junho. Mas, quando a gente é maduro, possui uma boa cabeça, auto-estima e auto-confiança e vive junto com o amado, as coisas são mais simples.
Dia dos namorados para quem dorme e acorda junto é todos os dias. Os presentes diários são a paciência, o conter a raiva quando a vontade é enxovalhar, fazer um programa chato porque o outro marcou (ainda que sem ter nos ligado para pedir nossa opinião), é comer, sem reclamar, a comida muito salgada que a companheira fez às pressas, é ver o amado cortando o melhor pedaço de carne para nos dar, é apontar a falha alheia sem perder o respeito.
O outro tem janta com os amigos? Festividade em pleno feriado? Compromisso na noite do dia dos namorados? Não faz mal, porque a gente também tem amigas, tem o livro pra ler, a comida especial que o outro não gosta para fazer e saborear sozinha, tem a mãe, a prima, as amigas, os amigos. A prática do casamento ensina que ele é mais gostoso na medida em que podemos nos sentir livres socialmente, sem deixar de sermos leais ou fiéis.
Mas, a vida também ensina que só é feliz no casamento quem tem maturidade, quem não encana por pouca coisa, quem respeita a si mesmo, ao outro e a liberdade que ambos precisam. É preciso, sempre, inteligência emocional, e é por isso que a grande maioria dos casamentos finda. Pessoas emocionalmente inteligentes são raríssimas nesse mundo de muita vaidade, plásticas, roupas de grife, ensinamentos de como "enlouquecer o outro na cama" e pouco equilíbrio interior, amor próprio e auto-conhecimento para viver bem com o outro, também, fora da cama.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 11 de maio de 2008.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

O julgamento dos sentimentos alheios.

O julgamento dos sentimentos alheios.

As pessoas, muitas vezes, interpretam nossas atitudes e palavras de forma equivocada. Equivocada porque distante do que foi a base delas: Nossa forma de sentir. Fico chateada por saber que muitas das pessoas que passaram por minha vida julgaram mal meus sentimentos porque não compreenderam minhas atitudes.
Nada muito sério, mas quem não gosta de ser compreendido, de saber que esta falando a verdade e o outro esta captando, realmente, o que sentimos, desejamos e, assim, percebendo quem realmente somos? Todos gostam da verdade, ainda que muitos se socorram na mentira.
Se a verdade é admirada até pelo maior dos larápios, é fato que todos querem ser julgados de forma adequada, ou seja, que as pessoas compreendam seu agir e interpretem suas palavras de acordo com os sentimentos verdadeiros por trás delas.
A namorada dizia que amava e terminou o relacionamento? “Mentirosa, sacana, descarada”. Será? E se ela amava realmente quando afirmava seu sentir, mas cansou da relação por outros motivos. (Quem viver, verá: O amor é o maior dos sentimentos, mas não vence tudo.)
A amiga querida não deu atenção para seu problema? “Egoísta, tola, invejosa”. Talvez ela esteja, apenas com maiores problemas, com tpm, com alguma dor, inclusive na alma, desejando o silêncio como companhia e, por prezar a amizade, tenta lhe escutar e dar atenção.
Enfim, o ser humano é um mistério ambulante e costuma julgar o outro e seus sentimentos de acordo com o que pensa e sente, e, inclusive, de acordo com o que lhe convêm: Tem gente que adora se colocar na posição de vítima e, para tanto critica e julga mal ao outro.

Cláudia de Marchi

Marau, 09 de maio de 2008.